Crédito aprovado às empresas atinge 8904 milhões de euros;

Francisco Sá, presidente do IAPMEI, afirma
Crédito aprovado às empresas atinge 8904 milhões de euros
“Estaremos empenhados ao nível da gestão de instrumentos para o reequilíbrio financeiro das PME, do seu financiamento e do investimento”, afirma Francisco Sá.
“Embora o quadro determinado pela pandemia se apresente ainda muito instável e imprevisível, sabemos já que os impactos na economia e em muitas empresas, sobretudo nas de menor dimensão, vão perdurar e exigir muita atenção”, afirma Francisco Sá. “O IAPMEI continuará atento à intervenção necessária aos diferentes níveis do ciclo de vida das nossas empresas”, acrescenta.
Segundo o presidente do IAPMEI, “existem constrangimentos a ultrapassar, designadamente quanto às competências digitais e à capacitação para a digitalização”. O Shift2future é um projeto que visa capacitar as empresas para a i4.0. Esta “ferramenta” já foi utilizada por cerca de 400 empresas.
Vida Económica – O que é o Shift2future e qual é a intervenção do IAPMEI neste projeto?
Francisco Sá - O Shift2future é um projeto que vem dar continuidade a diversas iniciativas com a finalidade de promover o conhecimento do tecido empresarial sobre a nova realidade industrial, a indústria 4.0 (i4.0), e de acelerar a transição digital.
Este projeto abrange cerca de 300 empresas que manifestem interesse nesta abordagem, que se inicia com um questionário de autodiagnóstico. Este questionário, de uma forma simples e automática, permite às empresas, de qualquer setor, dimensão ou localização, avaliar o seu estado de maturidade digital.
No final, a empresa recebe uma avaliação que incide em seis dimensões, da Indústria 4.0, a partir da qual é possível posicionar-se num de seis níveis de maturidade digital e alicerçar planos de ação/roadmaps de investimento, traçar uma estratégia de implementação, estruturada, integrada e coerente com os objetivos desejados.
Paralelamente, este projeto inclui ações com o objetivo de capacitar as PME, através da realização de seminários e workshops setoriais sobre conceitos, metodologias e ferramentas de apoio para aumento da sua maturidade i4.0.
Em sentido mais amplo, o Shift2future é um projeto que opera em três dimensões: diagnosticar, capacitar e transformar as PME para a economia 4.0.
O IAPMEI é um dos parceiros do consórcio do projeto e, para além de ser o responsável pela divulgação e promoção do projeto, está envolvido nas ações de formação e capacitação que terão início em abril.

VE – Por que razão devem as empresas enfrentar com confiança a economia 4.0?
FS - O potencial da transição digital permitirá preparar e adaptar as empresas às novas necessidades. Não obstante os esforços desenvolvidos, por força das alterações que a pandemia por Covid-19 impôs, sabemos que existem constrangimentos a ultrapassar, designadamente quanto às competências digitais e à capacitação para a digitalização.
Esta é uma questão central muito presente nas prioridades europeias e também vertida no PRR. Este programa tem previsto alocar na Dimensão Transição Digital 650 milhões de euros à componente designada por “Empresas 4.0”. As medidas associadas a esta componente vão ser geridas pelo IAPMEI.
As reformas e os investimentos em que assenta esta componente “Empresas 4.0” visam reforçar a digitalização das empresas, de modo a recuperar o seu atraso face ao processo de transição digital em curso.

VE – De que forma podem as empresas avaliar a sua “maturidade digital”? Que fases envolve esse procedimento?
FS - Através da ferramenta de diagnóstico Digital “Shift to 4.0”, que pode ser usada em modo autodiagnóstico. Se as empresas quiserem aderir ao projeto Shift2future, contam com um consultor para apoiar a realização do exercício.
Depois do exercício, haverá que refletir sobre os resultados, definir objetivos e a estratégia mais adequada, estabilizar um plano de ação e fazer os investimentos necessários, seja em equipamentos ou em reforço de competências dos colaboradores. No final deste processo, será importante repetir o exercício de avaliação, verificar os progressos efetuados e definir novos objetivos.

VE – O Shihift2future e o “Shift to 4.0” estão interligados?
FS - “Shift to 4.0” é a ferramenta de avaliação e diagnóstico. O Shift2future é um projeto mais amplo, que promove a utilização da ferramenta, inclui um acompanhamento em proximidade, apoio na definição de estratégias, ações de capacitação e formação.
VE – Quantas empresas utilizaram estas metodologias e a que setores se aplicam?
FS - Até ao momento já usaram a ferramenta cerca de 400 empresas. O nosso objetivo é que, no fim deste projeto, todas as empresas potencialmente interessadas conheçam a ferramenta e a usem quando entenderem que é importante posicionarem-se para refletir sobre a sua maturidade digital.

VE – A pandemia Covid-19 acelerou a transição digital das PME. O conjunto de workshops que o IAPMEI e a APBI vão realizar entre março e novembro podem alavancar essa transição? De que forma está programada esta iniciativa?
FS - Embora correspondam a projetos diferentes, as duas iniciativas acabam por estar ligadas, já que ambas contribuem para a sensibilização e capacitação das empresas. No caso dos workshops temáticos, a lógica é sobretudo “handsone”, contando com parceiros tecnológicos, que irão ser responsáveis pela disponibilização de ferramentas de Business Inteligence (BI) inovadoras, adequadas ao nível de maturidade digital das PME.
Atendendo a que existem, no universo das PME, diferentes graus de maturidade tecnológica, irão ser dinamizados três níveis de workshops: um primeiro dirigido a empresas que ainda não dispõem de soluções de BI, um segundo nível para empresas que possuem soluções muito rudimentares de BI e um terceiro nível dirigido a empresas que possuem soluções sofisticadas de BI.
O pimeiro workshop, que corresponde ao nível 1, já decorreu e vai servir de piloto para as próximas ações. Entretanto, ficará disponível no site do IAPMEI uma versão “DEMO” da ferramenta SAFTboard® que as empresas poderão experimentar durante 12 meses. As empresas interessadas em participar nos workshops podem enviar a sua manifestação de interesse para o IAPMEI e serão contactadas pela nossa rede de proximidade.

VE – Que outras iniciativas tem o IAPMEI programadas ao nível da transição digital?
FS - Para além destas duas, há outras iniciativas que ainda estão a ser desenhadas naquele que é o papel do IAPMEI inscrito no PRR nesta matéria. Em breve anunciaremos.

Pandemia acelerou mecanismos
de apoio

VE – Como avalia os indicadores de atividade do IAPMEI relativa a 2020? A pandemia influenciou esses resultados?
FS - Sem dúvida. O IAPMEI assumiu um papel central em muitas das medidas de apoio às empresas relacionadas com a pandemia por Covid-19 e isso traduziu-se num aumento substancial da atividade em várias áreas.

VE – Qual é o nível de execução dos projetos relacionados com os Incentivos COVID-19 e dos restantes projetos do Portugal 2020?
FS - A taxa de execução de um projeto depende, em primeira instância, do seu calendário de execução.
Os projetos relacionados com Sistemas de Incentivos Covid-19 têm prazos de execução que rondam os seis a nove meses, pelo que, tendo sido aprovados durante o segundo semestre de 2020, estarão, em dezembro de 2020, sensivelmente a meio do seu calendário de execução, que corresponde aos 50% de execução indicados.
O remanescente apenas pode ser executado após a conclusão dos projetos, o que acontece durante o primeiro semestre de 2021 para a generalidade dos projetos.
O mesmo acontece com os restantes projetos do Portugal 2020, com a “nuance” de o prazo de execução ser normalmente de dois anos. Desta forma, os 65% refletem uma distribuição da carteira de projetos, onde os aprovados há mais tempo têm execução elevada próxima dos 90% a 95 % e os mais recentes têm uma execução mais baixa por estarem ainda no início do calendário de dois anos.
Crédito aprovado às empresas atinge 8904 milhões de euros

VE – O crédito às empresas com apoio público atingiu que valor?
FS – O valor do crédito aprovado às empresas foi de 8904 milhões de euros, correspondendo a 61 134 empresas.

VE – Quais são os grandes objetivos do IAPMEI para 2021?
FS - Embora o quadro determinado pela pandemia se apresente ainda muito instável e imprevisível, sabemos já que os impactos na economia e em muitas empresas, sobretudo nas de menor dimensão, vão perdurar e exigir muita atenção.
Salvaguardando a flexibilidade que estas situações aconselham, estaremos focados em diferentes dimensões. Por um lado, no aperfeiçoamento de soluções para mantermos a proximidade às nossas empresas e identificarmos as suas necessidades. Por outro lado, estaremos empenhados ao nível da gestão de instrumentos para o reequilíbrio financeiro das PME, do seu financiamento e do investimento, nomeadamente através do encerramento do PT2020, da preparação e execução do PRR e do novo QFP (PT2030). Mas continuaremos, igualmente, o nosso compromisso de promover a inovação e a competitividade empresarial, o empreendedorismo, o reforço das competências e literacia financeira e digital, na abordagem ao redimensionamento empresarial, à cooperação como estratégia de abordagem dos mercados e de inserção nas redes internacionais, à descarbonização e à circularidade, à transição digital, em suma, o IAPMEI continuará atento à intervenção necessária aos diferentes níveis do ciclo de vida das nossas empresas.


VIRGÍLIO FERREIRA virgilio@vidaeconomica.pt, 08/04/2021
Partilhar
Comentários 0