Portugal fortaleceu o ecossistema de inovação;

Secretário de Estado da Economia no CEIIA em Matosinhos
Portugal fortaleceu o ecossistema de inovação
João Neves, secretário de Estado da Economia.
A sessão nacional dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial, iniciativa da Comissão Europeia dinamizada em Portugal pelo IAPMEI e que distingue as melhores práticas de empreendedorismo da Europa, aconteceu esta semana no CEIIA, em Matosinhos, e contou com a presença do secretário de Estado da Economia. 
Em entrevista à “Vida Económica”, João Neves elogiou “as qualidades” das “sucessivas propostas” apresentadas e premiadas, que geram um “efeito bola de neve” no tecido empresarial e associativo. O governante não tem dúvida: “temos conseguido construir, ao longo destes anos, um ecossistema de inovação bastante mais forte do que existia no passado”. E esse reconhecimento, diz, “faz muito bem, não apenas ao ego, mas às próprias equipas de trabalho”.
Vida Económica – Que importância têm estes prémios de promoção empresarial para Portugal?
João Neves – Estes prémios existem no contexto europeu há 13 anos. Portugal tem apresentado sucessivas propostas e em muitos anos temos visto reconhecidas as qualidades das iniciativas. Iniciativas de colaboração entre entidades públicas, privadas e associativas, visando promover o espírito de inovação e empreendedor, apresentando projetos de desenvolvimento de novas soluções e aplicações, com uso, quer para as empresas, quer para os cidadãos. E temos tido a capacidade de gerar coisas muito interessantes.
 
VE – Este ano, Portugal foi o país que registou o maior número de candidaturas: 70. O país a seguir com mais projetos apenas apresentou 28. A que é que isto se deve? Há uma espécie de bola de neve, ou seja, quantos mais prémios Portugal ganha na Europa mais interesse isso suscita?
JN – É verdade. Temos conseguido construir, ao longo destes anos, com o esforço de todos - empresas, centros de transferência de tecnologia, entidades públicas, etc – um ecossistema de inovação bastante mais forte do que existia no passado. Este reconhecimento faz muito bem, não apenas ao ego, mas às próprias equipas de trabalho. E gera esse efeito bola de neve que refere. É muito interessante ver a capacidade de construir propostas interessantes.
 
VE – Até que ponto é que os fundos têm ajudado estas entidades e empresas a conceberem tantos projetos inovadores?
JN – Vamos lá ver: no COMPETE e no Portugal 2020, de uma forma mais geral, temos feito uma tentativa de alinhamento entre os instrumentos de política pública e os destinatários, as empresas, as entidades de transferência de tecnologia, as universidades. Isso tem conduzido a um aumento muito significativo das propostas que temos vindo a avaliar no quadro dos sistemas de incentivos e dos valores dos incentivos, porque nos parece que o investimento é o motor do crescimento económico. E a nossa tese é sempre a de pôr os instrumentos públicos ao serviço do desenvolvimento económico e do crescimento das empresas. E a capacidade do sistema de inovação reflete-se depois, não apenas do lado das empresas e da sua melhoria, mas também do lado do ecossistema, de ser mais forte, mais capaz, mais empreendedor. Julgo que esse é um caminho que, independentemente dos governos, temos de percorrer, porque é o caminho do desenvolvimento económico.
 
VE – Faço-lhe a pergunta noutro ângulo: se não existissem fundos europeus, teríamos o mesmo número de projetos empreendedores?
JN – Com certeza que não. Enfim, é difícil fazer a contraprova do que acabo de dizer, mas os fundos europeus existem para tornar mais fácil, mais rápido, menos arriscado o investimento das empresas e das entidades que têm o seu destino do ponto de vista de produtos e serviços à volta da atividade empresarial. Essa é natureza dos fundos. Eles não existem para distribuir dinheiro por atividades que não têm reprodução do ponto de vista económico. Destinam-se a melhorar a capacidade concorrencial. Essa é uma aprendizagem que em cada momento temos de fazer sobre o que é o uso dos fundos. Nestes últimos anos, após a crise económica, temos visto uma enorme presença dos sistemas de incentivos como estímulo à atividade empresarial. E acredito plenamente que, se eles não existissem, teríamos muito mais dificuldade, até porque do lado dos sistemas de financiamento da atividade empresarial, ou seja, do sistema bancário, que é a fonte mais comummente utilizada pelas empresas, também tivemos muitas restrições. E, portanto, se tivéssemos ausência de estímulo do lado do Estado, chamemos-lhe assim, com um ambiente económico do lado do financiamento bancário muito degradado, teríamos condições muito mais dificultadas para a vida das empresas.

 Governo anuncia execução do COMPETE 
no final deste mês
 
Entrámos no segundo semestre de 2019 e o país aguarda por dados atualizados do primeiro semestre quanto à execução do COMPETE 2020. 
Sem adiantar os números totais finais, que serão apresentados pelo Governo em sessão pública no final deste mês, o secretário de Estado da Economia revela, contudo, que as candidaturas apresentadas ao sistema de incentivos (SI) à inovação, que é o principal suporte ao investimento empresarial, foram “em número muito expressivo”.
“Até agora apoiámos cerca de nove mil milhões de euros de investimento empresarial”, disse João Neves à “Vida Económica”, que é “um valor sem qualquer precedente em relação com os quadros comunitários anteriores”. 
“Não tem qualquer comparação com outros quadros comunitários”, diz o governante, explicando que, sem contar a segunda fase, “vamos ter números muito expressivos de investimento apoiado e de incentivo atribuído”. Aliás, diz, “temos o triplo das candidaturas apresentadas pelas entidades e pelas empresas, temos um número muitíssimo superior de candidaturas apoiadas – cerca de duas vezes e pouco mais do que tínhamos no passado –, portanto estamos a falar de um sistema com um enorme peso do ponto de vista do suporte ao investimento empresarial”.

 


TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt, 18/07/2019
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