A rentabilidade de um negócio pós-Covid 19;

A rentabilidade de um negócio pós-Covid 19
Todos compreendemos que a sustentabilidade de um negócio implica a sua rentabilidade. Mesmo nós, enquanto clientes que pagam o preço de um produto ou serviço e procuram naturalmente minimizar as despesas, aceitamos a necessidade que os donos ou gestores de negócios têm de obter lucro com o que nos vendem. E aceitamos porque, em última análise, desejamos que o negócio se mantenha aberto para que continuemos a usufruir dos seus produtos e serviços.
Em tempos de confinamento e de pandemia, em que nos foi vedado o prazer de um jantar com os amigos à mesa de um restaurante ou da frescura de uma água ou do sabor aveludado de um café tomado ao sol num início de tarde de primavera, sentimos como é importante que os negócios sejam estáveis, que estejam lá, para contarmos com eles sempre que desejarmos e com eles partilharmos um pouco mais de felicidade.

Mas será que as regras restritivas de permanência em alguns espaços, como restaurantes, cafés, lojas, transportes públicos, permitirão aos negócios que neles funcionam a obtenção de lucro ou rentabilidade necessários? Será que a quantidade de vendas realizadas com as restrições que lhes são impostas se tornarão suficientes para que os seus gastos fixos no final de cada mês sejam cobertos e ainda sobre alguma liquidez para que no futuro possam continuar a investir na sua permanência e adequação aos tempos?

Neste tempo de desconfinamento, com a reabertura gradual dos vários negócios ao público, é mais importante do que nunca que os donos e gestores de negócios estimem os seus gastos fixos e as suas margens brutas agora geradas pelas quantidades de oferta limitadas e restringidas pelas regras sanitárias em vigor resultantes da pandemia. E caso as margens totais de venda não se mostrem suficientes para cobrirem os gastos fixos e também não lhes seja possível aumentar o preço dos produtos ou serviços por forma a tornar as margens suficientes, devem parar as operações dos seus negócios assumindo antecipadamente a sua inviabilidade económica antes que o avolumar de endividamento provocado pela sua inviabilidade económica os obrigue a encerrar as portas declarando a sua insolvência.

Nestes tempos pós-Covid 19, o ponto de equilíbrio de rentabilidade e sustentabilidade de muitos negócios irá por certo verificar-se em níveis mais elevados de preço e menores quantidades vendidas de produtos e serviços. Isto é, as empresas venderão menos e mais caro. Como se os bens e serviços pós-Covid 19 se tornassem mais raros e, portanto, mais valiosos.

Como consumidores temos de aceitar essa nova realidade e como donos e gestores de negócios devemos ter a coragem para assumir de uma vez por todas que a concorrência baseada no preço não deve mais ser o eixo de sobrevivência dos negócios que criamos.
Miguel Matos Economista Auto do livro: "Seja Livre", 21/05/2020
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