FeedInov quer perceber a contribuição dos alimentos para a neutralidade carbónica;

Ana Sofia Santos é a nova diretora-geral deste laboratório colaborativo
FeedInov quer perceber a contribuição dos alimentos para a neutralidade carbónica
Ana Sofia Santos é a nova diretora-geral do laboratório.
Ana Sofia Santos, engenheira zootécnica, 44 anos, assume a partir de 2021 as funções de diretora-geral do laboratório colaborativo FeedInov, uma associação de direito privado sem fins lucrativos constituída por 19 instituições parceiras do setor associativo, empresarial e académico. 
 
A tarefa que a coloca ao serviço do FeedInov não é de somenos. Tem como objetivo “perceber a contribuição dos alimentos para a neutralidade carbónica e estudar ingredientes que reduzam a dependência externa que Portugal tem de matérias-primas para a alimentação animal, que é o hoje o maior custo de produção da pecuária”.
Antes de assumir a Direção-Geral do FeedInov, Ana Sofia Santos foi professora convidada de Produção Animal na UTAD – Universidade de Trás-os-Montes de Alto Douro e cofundadora da “spin-off” da UTAD “Ruralidade Verde”. Também foi investigadora bolseira no programa de pós-doutoramento de gestão de efluentes do projeto “SUSTAINSYS” e assume ainda a presidência da APEZ - Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica e a vice-presidência da Animal Task Force, organização europeia de entidades de I&D de cariz público-privado.
O FeedInov é um dos cinco laboratórios colaborativos na área do agroalimentar, um setor que, mesmo em tempos de pandemia, viu as suas exportações crescerem 3,2% até agosto deste ano. Segundo dados do Ministério da Agricultura, as exportações de produtos agroalimentares subiram a um ritmo superior a 5% por ano na última década, acima das importações, que avançaram 2,9%.
 
“Ingredientes inovadores, endémicos e sustentáveis 
para a alimentação animal”
E um dos objetivos deste CoLAB passa, justamente, por trabalhar com vista a “reduzir a dependência externa de matérias-primas que Portugal mantém nesta área de atividade”. 
A via para tal desiderato é encontrar e desenvolver “ingredientes inovadores, endémicos e sustentáveis para a alimentação animal”. E, por outro, lado, “estudar insetos, microalgas ou variantes de fava e tremoço não adequados à alimentação humana”. 
“O Feedinov terá, nos próximos anos, um papel preponderante na otimização do fator de produção mais oneroso da produção animal, o que é crucial para criar riqueza para Portugal numa área que tem contribuído positivamente para a nossa balança comercial”, afirma Ana Sofia Santos. A engenheira zootécnica tem “particular interesse na contabilização dos serviços ecossistémicos gerados pela produção animal e na avaliação de medidas fiscais de discriminação positiva para os sistemas de produção que mais contribuem para a neutralidade carbónica”.
Gerar conhecimento acerca da contribuição de determinado alimento para a neutralidade carbónica, avaliando o ciclo de vida desse alimento, bem como dar ferramentas às empresas para responderem às exigências dos consumidores e aos desafios das novas políticas europeias – PE-PAC, Pacto Ecológico Europeu, Do Prado ao Prato e Programas de Resiliência –, são objetivos do FeedInov.
A estes juntam-se “os desígnios de trazer ciência à discussão pública sobre a alimentação e intensificar a zootecnia 4.0 em Portugal, aumentando a automatização e rentabilizando a eficiência da internet das coisas nesta área”.
 
CoLab FeedInov: 19 instituições parceiras do setor associativo, empresarial e académico
O CoLab FeedInov agrega 19 instituições parceiras do setor associativo, empresarial e académico. Entre elas, a IACA - Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais, o INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e três universidades: a UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto e a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa.
Ao CoLab FeedInov estão também associados dois centros de investigação: o REQUIMTE e o INESC TEC, assim como onze empresas: Avenal Petfood, S.A., Finançor Agro-Alimentar, S.A., Ingrediente Odissey, Lda., Allmicroalgae – Natural Products, S.A.,  Raporal, S.A., Ricogado Nutrição, S.A., Sorgal -  Sociedade de óleos e Rações, S.A., Racentro – Fábrica de Rações do Centro, S.A, Tecnipec - Serviços Pecuários, S.A., TNA – Tecnologia e Nutrição Animal, S.A., Zoopan – Produtos Pecuários, S.A.
Só a IACA integra 58 associados, empresas de alimentos compostos para animais, pré-misturas e aditivos, representando mais de 80% da produção nacional de alimentos compostos para animais e a totalidade das pré-misturas de produção nacional.
Os principais destinos da produção desta indústria são a alimentação para animais de estimação e para as explorações pecuárias. Para estas últimas, que representam 2760 milhões de euros e 38% da economia agrícola nacional, a alimentação animal constitui o maior fator de produção. O setor da alimentação animal tem um impacto direto em 46 000 explorações especializadas e 37 780 mistas (atividade agrícola e pecuária).
TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt, 04/12/2020
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