Jerónimo Martins Agroalimentar investe quatro milhões na produção de dourada em aquicultura
A Jerónimo Martins Agroalimentar e a Marisland – Madeira Mariculture acabam de firmar uma parceria para a produção de dourada em regime de aquicultura na Madeira para venda nos supermercados Pingo Doce. O investimento é de quatro milhões de euros e, numa primeira fase, estima-se uma produção de 550 toneladas de peixe por ano, que pode alargar-se às 1200 toneladas.
Em declarações à “Vida Económica”, António Serrano, CEO da Jerónimo Martins Agroalimentar, revela que “este projeto representa a porta de entrada neste negócio”. Para o futuro, há já “várias [outras] hipóteses em análise”.
“A produção de dourada em aquicultura em Portugal ainda é pouco significativa”, refere António Serrano à “Vida Económica”, explicando que, “pelas suas condições naturais, os países que mais produzem são a Grécia, a Turquia e Espanha”. Por outro lado, “Portugal é o segundo maior consumidor de peixe ‘per capita’ do mundo e a produção nacional é claramente insuficiente para suprir as necessidades de consumo”.
A produção de dourada na Madeira no âmbito da atividade da nova sociedade participada por estas duas entidades permitirá, pois, à Jerónimo Martins Agroalimentar, “numa primeira fase, cobrir menos de 1/5 das necessidades do Pingo Doce”. O objetivo deste investimento, diz o CEO, é “assegurar a produção e diminuir a necessidade de importação”.
A “Vida Económica” questionou António Serrano sobre o porquê desta parceria com a Marisland, estando esta empresa situada na Madeira, com todos os custos de transporte associados, mas o CEO da Jerónimo Martins Agroalimentar não tem dúvidas: “A região autónoma da Madeira reúne as melhores condições técnicas para o desenvolvimento sustentável da aquicultura para a produção de dourada”. Por outro lado, diz, “foi aqui que encontrámos um parceiro que reunia as condições que considerámos fundamentais para o estabelecimento de um acordo”.
Questionado ainda sobre se estão em cima da mesa outras parcerias ou projetos, não só para o reforço da produção de dourada mas, também, para a produção de outras espécies de peixes, António Serrano não se alonga. Garante, contudo, que “este projeto representa para nós a porta de entrada neste negócio” e revela que “há várias [outras] hipóteses em análise”, sobre as quais “ainda é prematuro falar”.
Criação imediata de 10 novos postos de trabalho diretos
Esta parceria com a Marisland – Madeira Mariculture representa um investimento de cerca de quatro milhões de euros por parte da nova sociedade participada da Jerónimo Martins Agroalimentar, estimando-se que a nova empresa terá “uma capacidade de produção, numa primeira fase, de cerca de 550 toneladas de peixe por ano, podendo desenvolver-se até às 1200 toneladas”.
O aparecimento deste novo operador na região representará também “a criação imediata de 10 novos postos de trabalho diretos, com perfis especializados, que incluem desde mergulhadores a técnicos administrativos e de contabilidade, preferencialmente a serem recrutados localmente”, refere a empresa dona dos supermercados Pingo Doce. Em paralelo, deverão ser criados outros postos de trabalho indiretos, nomeadamente “em áreas de prestação de serviços laterais e conexos com a atividade exercida”.
Para a Jerónimo Martins Agroalimentar, este é o primeiro projeto na área da aquicultura, que se segue aos investimentos já anunciados anteriormente nas áreas do leite e laticínios e da produção de carne bovina da raça Angus, que já se encontram a operar.
Por seu lado, a Marisland opera no setor da aquicultura na Madeira, estando os seus líderes ligados ao setor desde há mais de duas décadas, em particular no negócio da produção de ovos e alevins. Carlos Batista, sócio-gerente da Marisland, considera que este acordo de parceria “é um passo natural na estratégia de consolidação e crescimento da Marisland na Madeira” e que vai “permitir aliar ao nosso forte conhecimento nas vertentes da investigação de produtos de aquicultura e da sua produção a capacidade financeira e de escoamento asseguradas pela Jerónimo Martins”.
Transformação de pescado
em queda
Os dados mais recentes revelados pelo INE mostram que a indústria transformadora da pesca e aquicultura em 2014 apresentou uma produção conjunta de “congelados”, “secos e salgados” e “preparações e conservas” de 241 mil toneladas (-2,0% em relação ao ano anterior), tendo sido registadas menores quantidades, sobretudo das “preparações e conservas“, que decresceram 3,9%, mas, também, dos “produtos congelados” (-2,1%) e dos “secos e salgados” (-0,5%).
As “preparações e conservas” não ultrapassaram as 46 mil toneladas (48 mil toneladas em 2013). As conservas de sardinhas diminuíram 20,6%, tendo a produção de “conservas de sardinha em outros óleos vegetais” reduzido para quase metade em relação ao ano anterior, sobretudo devido às restrições impostas à captura desta espécie que vigoraram em 2014. O valor das vendas foi 898 milhões de euros, mais 5,8% que no ano anterior.
Em 31 de dezembro de 2015, estavam registados 17 536 pescadores. A frota licenciada em 2015 era de 4188 embarcações (menos 98 licenças face a 2014). Foram abatidas à frota 158 embarcações, mais 77 unidades face a 2014. Por outro lado, ocorreram 55 novas entradas em 2015, ou seja, um acréscimo de 25% face a 2014. Do total de embarcações entradas, 24 foram novas construções (43,6% do total). O preço médio anual de descarga em 2015, em termos nacionais, diminuiu 10,6%, passando de 2,02 G/kg para 1,81 G/kg.
|