Universidade Católica e Amyris investem 50 milhões em ‘hub’ de biotecnologia
A Universidade Católica e a empresa norte-americana Amyris assinaram, em finais de junho, em Lisboa, um protocolo para a criação de um ‘hub’ de biotecnologia e um centro de excelência europeu de bioprodutos na Escola Superior de Biotecnologia do Porto. O investimento ronda os 50 milhões de euros, a concretizar em cinco anos, e permitirá a contratação de mais de 100 investigadores.
Em declarações à “Vida Económica”, Manuela Pintado, investigadora coordenadora do projeto, explica que este ‘hub’ “integra uma forma de estar na biotecnologia muito próxima do mercado”, permitindo, “em muitas vertentes, que o trabalho científico se traduza em produtos e serviços a curto prazo”. Além do mais, diz, este “será um palco de aprendizagem e formação para uma nova gerações de atores nesta área”.
A primeira abordagem à empresa americana Amyris “ocorreu durante um momento de oportunidade da missão de internacionalização” promovida pela Universidade Católica, na qual Manuela Pintado se integrou como representante da Escola Superior de Biotecnologia do Porto. Assim como pela “ligação de contacto que a diáspora nos estabeleceu para visitar a empresa Amyris em San Francisco, um dos palcos mais importantes da atualidade na biotecnologia”, revelou a investigadora à “Vida Económica”.
Para Manuela Pintado, não há dúvidas: “trata-se de uma parceria com uma empresa bem estabelecida, que detém tecnologia de ponta, com um ‘pipeline’ de identificação de necessidades, desenho e desenvolvimento de processos e de colocação de produtos no mercado”.
Por outro lado, a chamada biotecnologia branca (industrial) está “atualmente em forte expansão”, relacionando-se com a economia circular e o uso racional de recursos renováveis. E a americana Amyris, diz Manuela Pintado, “alinha os seus interessa atuais de explorar o valor dos resíduos industriais gerados com a longa experiência e resultados do nosso centro de investigação nesta área, o que permitirá ter uma potenciação de valor científico e de formação pós-graduada” para a ESB, assim como a “criação de mais valor económico e de novos produtos” para a empresa.
Questionada sobre que perspetivas se abrem, para as empresas e para os alunos destes cursos, a investigadora está segura de que este ‘hub’ “potenciará a preparação de profissionais, em particular nas áreas da bioengenharia e da microbiologia”, expondo-os a “um ambiente exigente, moderno, próximo do mercado, criando oportunidades de carreira e pessoais”. E isso dar-lhes-á “excelentes condições, tanto para integrar empresas estabelecidas como para criar os seus próprios negócios e startups”.
Plataforma automatizada de bioengenharia no Porto
Para além disso, conclui Manuela Pintado, “a criação do ‘hub’ permitirá potenciar ainda mais as sinergias com as diferentes universidades e centros de investigação da região e nacionais”, incrementando “colaborações já existentes com estas entidades e com empresas nacionais e europeias, potenciais clientes do conhecimento, produtos e processos gerados”.
Será instalada no Porto, na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, “uma plataforma automatizada de bioengenharia”, que permitirá desenvolver conhecimento de ponta e transferi-lo para o setor industrial. Ali serão produzidos “compostos através de processos de biologia sintética, caraterizando-os e explorando o seu potencial face às necessidades da indústria”.