Ocupação e preços na hotelaria vão subir
O Sheraton Lisboa Hotel & Spa comemora 45 anos de existência com uma taxa de ocupação de 75%. Em entrevista à Vida Económica, o responsável pela “oitava colina de Lisboa”, conforme lhe chama António Pereira, diretor do hotel, fala da necessidade de “acelerar o processo de escolha do novo aeroporto”, assim como de um “centro de congressos moderno, de maior dimensão, para acolher grandes eventos”, para possibilitar ao turismo “crescer de forma sustentada”.
Vida Económica - Ao comemorar 45 anos de vida, quais são os fatores diferenciadores do Sheraton Lisboa no panorama da hotelaria da capital?
António Pereira - Acompanhamos a evolução das novas tecnologias, proporcionando aos clientes um programa de fidelização líder a nível mundial. Mantemo-nos na vanguarda da inovação, permitindo a possibilidade de efetuar o check-in e check-out através de uma aplicação instalada no telemóvel, descontinuando as tradicionais chaves, podendo o cliente usar o smartphone para aceder ao quarto.
VE - Qual o impacto do fenómeno do turismo na vossa atividade e como se posicionam em relação aos outros cinco estrelas em Lisboa?
AP - A atividade económica do turismo na cidade de Lisboa tem demonstrado uma tendência positiva ao longo dos últimos anos, tendo a cidade e a hotelaria em geral beneficiado da excelente procura que se faz sentir. Somos um dos líderes da cidade no segmento cinco estrelas e acompanhamos o crescimento da taxa de ocupação do destino, que se situa acima dos 75% na média do segmento.
O “inexplicável” fecho dos museus às segundas-feiras
VE - Lisboa está ao mesmo nível de outras capitais europeias em termos de oferta hoteleira? Quais as condições essenciais para crescer de forma sustentada e com harmonia entre turismo e hotelaria? Qual a capital europeia que apontaria como um modelo a seguir em termos de crescimento hoteleiro na Europa?
AP - As estruturas existentes são de excelente qualidade, devendo, no entanto, ser repensadas e adequadas para não defraudarmos as expetativas e necessidades dos nossos visitantes, mantendo a tendência positiva de crescimento no setor. A hotelaria do nosso país, e em particular da cidade de Lisboa, está ao nível de qualquer cidade europeia, sendo Barcelona, pela dimensão e posicionamento geográfico, a cidade mais comparável a Lisboa.
O nosso destino destaca-se pela oferta aos visitantes de uma excelente relação qualidade/preço, aliada a uma vasta oferta hoteleira, nos mais diferenciados segmentos. Para crescermos de uma forma sustentada e até que o novo aeroporto seja uma realidade, devemos todos fazer um esforço maior para munir o existente com as ferramentas e meios humanos necessários para fazer face às crescentes necessidades e volume de passageiros. O processo definitivo da escolha do local e implementação do novo aeroporto deve ser acelerado e é de extrema importância investir na construção de um moderno centro de congressos para acomodar eventos de maior dimensão. Não esquecendo, no entanto, situações menores, porém de extrema importância para o visitante, tais como a situação / controlo do serviço de transportes no aeroporto e na cidade em geral e também do inexplicável fecho dos museus às segundas-feiras.
VE - Quais são os vossos principais mercados emissores de clientes?
AP - Para além dos tradicionais mercados emissores, destaco o regresso dos mercados brasileiro e norte-americano, realçando também os mercados emergentes como a China, Rússia e países árabes, que cada vez mais procuram o nosso destino.
Fazemos parte da Marriott International e temos, em conjunto com a marca, diferentes iniciativas de promoção no exterior, passando por feiras, porta a porta e eventos junto dos nossos parceiros internacionais. Utilizamos também o marketing digital, quer através das redes sociais, de forma a estimular a exposição dos nossos serviços, como de plataformas de reserva online.
Temos uma equipa acima de 200 colaboradores com formação constante, nas mais diversas áreas, preparados para interagir com as mais diferentes culturas.
VE - Que expetativas têm para o ano de 2018 para o Sheraton e para o turismo em Lisboa?
AP - Seguindo a tendência positiva de 2017, o próximo ano apresenta-se como um dos melhores anos de sempre para a hotelaria portuguesa. Prevemos crescimento na ocupação e nos preços em geral, dinamizando não só a hotelaria como a economia local, que em muito beneficiará deste efeito. Em 2018, o Sheraton dará inicio a uma série de intervenções de melhoria para ir ao encontro dos desejos dos clientes, nomeadamente nos quartos, no SPA e nas áreas públicas, mantendo o respetivo posicionamento no segmento cinco estrelas nos próximos anos.
O destino Portugal e em particular a cidade de Lisboa estão na moda, sendo hoje uma das primeiras opções dos mercados emissores. O produto que oferecemos aliado ao preço praticado bem como a qualidade e todas as experiências que proporcionamos ao nosso visitante continuam a ser uma vantagem competitiva. É importante trabalharmos em conjunto para a manutenção desta tendência nos anos vindouros.
45 anos da “Oitava Colina de Lisboa”
A construção do Sheraton data dos anos 70, tendo aberto ao público em 1972. Com ele a ITT Sheraton – a empresa proprietária, á época – trouxe para Portugal o conceito de arranha-céus, tendo o hotel sido considerado na época o edifício mais alto do país. Foi uma das primeiras unidades hoteleiras com disponibilidade de 400 quartos, um marco na hotelaria nacional, mantendo-se ainda hoje um “gigante” na cidade, considerado a “oitava colina” de Lisboa. Em 2006 foi efetuada uma profunda renovação para ir ao encontro das necessidades dos clientes e consolidar a posição entre os líderes do segmento de mercado. Com a reabertura em 2007, o hotel foi adaptado com salas de reunião com capacidade para 1500 pessoas em simultâneo, um moderno SPA com oito salas de tratamento, piscina exterior aquecida, duche vichy, vitality pool e hammam, bem como um moderno ginásio. No último piso estão o bar e o restaurante Panorama, cuja cozinha está a cargo do chefe Miguel Paulino e foi distinguido com “Três garfos” no último “Lisboa à Prova”. “Nos dias que correm os hotéis já não são vistos como meros dormitórios. Os clientes procuram novas experiências, quer ao nível gastronómico quer do bem-estar e do entretenimento”, conclui António Pereira. |