Universidade do Porto lidera registo de patentes em Portugal
A Universidade do Porto é líder nacional em termos de registo de patentes e é responsável por 25% da produção científica nacional, afirma Carlos Brito, pró-reitor para a Inovação e Empreendedorismo da Universidade do Porto.
“O UPTEC é o maior parque de ciência e tecnologia de base universitária em Portugal, o que revela bem a liderança da Universidade do Porto também no domínio do apoio à criação de start-ups”, acrescenta.
“O UPTEC é o maior parque de ciência e tecnologia de base universitária em Portugal, o que revela bem a liderança da Universidade do Porto também no domínio do apoio à criação de start-ups”, acrescenta.
Vida Económica - Quais são os principais projetos da Universidade do Porto no Horizonte 2020?
Carlos Brito - A Universidade do Porto tem estado fortemente envolvida em projetos no quadro do Horizonte 2020, muitos ligados à investigação mas também muitos ligados à inovação, empreendedorismo e, genericamente, à valorização económica e social do conhecimento. Neste domínio, e a título de exemplo, cito uma área que para nós é crucial: a proteção da propriedade intelectual. A Universidade do Porto é líder nacional em termos de registo de patentes, o que revela bem o sucesso da nossa estratégia iniciada há mais de 10 anos. Obviamente que aquilo que nos interessa não é uma mera acumulação de patentes – o que se pretende é que elas sejam comercializadas sob a forma de licenciamento ou através da sua própria venda. Contudo, registar e manter uma patente até que se averigúe o real interesse do mercado custa dezenas de milhares de euros. Neste domínio, a U.Porto Inovação, que é o nosso gabinete de inovação, tem evidenciado um enorme dinamismo na busca de financiamento, pelo que posso dizer-lhe que temos contado com um grande apoio no âmbito do atual quadro comunitário destinado exatamente à proteção da propriedade intelectual.
VE - Em que vertentes a Universidade do Porto apoia e estimula a inovação?
CB - A Universidade do Porto é responsável por 25% da produção científica nacional, o que revela bem a força da investigação realizada nas nossas múltiplas áreas, desde a engenharia e tecnologia às ciências da vida e da saúde, passando pelas humanidades, ciências sociais e artes. Ora o forte contributo que damos para a produção de ciência é encarado por mim não apenas como uma oportunidade mas também como uma obrigação: a de gerarmos valor com base no conhecimento que todos os dias produzimos. Neste contexto, a nossa estratégia de inovação tem uma missão clara: transformar conhecimento em soluções úteis e viáveis para as empresas e outras organizações, designadamente públicas, com quem temos, aliás, um intenso trabalho. E fazemo-lo através de três eixos: o da já referida proteção e comercialização da propriedade intelectual, mas também o da promoção de projetos de investigação aplicada, em parceria com a indústria, e, em terceiro lugar, através do apoio à criação de “spin-offs” de base universitária. Mas, mais do que uma “simples” estratégia, temos também no terreno estruturas que a executam. Com efeito, se o primeiro eixo está muito centrado na U.Porto Inovação, o segundo passa em larga escala pelos institutos de interface (como, por exemplo, o INESC TEC, o INEGI, o i3S ou o CIIMAR), cabendo o terceiro eixo, da incubação, ao UPTEC, que é o nosso parque de ciência e tecnologia.
Líder na criação de “start-ups”
VE A missão do UPTEC é facilitar a instalação e expansão de projetos inovadores, transformando o conhecimento em novos produtos e serviços?
CB - O UPTEC é o maior parque de ciência e tecnologia de base universitária em Portugal, o que revela bem a liderança da Universidade do Porto também no domínio do apoio à criação de “start-ups” através de estruturas adequadas ao surgimento e desenvolvimento de novos negócios cuja competitividade assenta no conhecimento, seja de cariz tecnológico ou não. A par dessa vertente de incubação, o UPTEC acolhe centros de inovação de grandes empresas, tais como a Microsoft, a Vodafone, a Vestas, a Alcatel-Lucent ou a Sonae, pois acreditamos que, desta forma, criamos um “melting pot” extremamente dinâmico no domínio do empreendedorismo que é vantajoso não só para as “start-ups!” como também para as grandes empresas. Neste domínio, posso dar-lhe alguns números reveladores dos excelentes resultados que atingimos: no UPTEC estão neste momento instaladas mais de 180 empresas, onde trabalham cerca de 2500 profissionais altamente qualificados. O contributo anual para o PIB dessas empresas ronda os 200 milhões de euros. Posso garantir-lhe que não é fácil encontrar indicadores de performance como estes. E não me refiro a Portugal, refiro-me a nível mundial.
VE - Como têm sido financiadas as instalações físicas e os serviços assegurados às empresas?
CB - Obviamente que procuramos aproveitar todas as possibilidades de apoio comunitário para financiar as nossas estruturas ligadas à inovação e empreendedorismo. E temo-lo feito com muito êxito. Mas, mais do que isso, procuramos que a atividade corrente seja autossustentável.
VE - A Universidade do Porto está a aumentar o seu papel enquanto parceiro das empresas nas atividades de inovação e I&D?
CB - Sim, como referi, esse é um eixo estratégico na nossa estratégia de valorização conhecimento. Realço duas grandes iniciativas, ambas promovidas pela U.Porto Inovação: a A2B – Academia-to-Business e o The Circle.
VE - A presença crescente de estudantes estrangeiros na Universidade do Porto e de estudantes portugueses no estrangeiro abre novas oportunidades de internacionalização às empresas da região Norte?
CB - A Universidade do Porto tem apostado fortemente na mobilidade de estudantes, quer numa perspetiva IN (isto é, receber estudantes estrangeiros) quer OUT, ou seja, enviar estudantes portugueses para universidades estrangeiras durante um ou dois semestres. Para isso muito tem contribuído o dinamismo da estratégia de internacionalização que se traduz em mais de dois mil acordos de cooperação internacionais e na vinda todos os anos de estudantes oriundos de mais de 150 países. Posso garantir-lhe que, mesmo comparando com universidades de referência mundial, isto são indicadores invejáveis. Desta forma, ao nível da interface com o mundo empresarial, atingimos dois objetivos: os estudantes estrangeiros que por cá passam tornam-se embaixadores da cidade do Porto, da região Norte e de Portugal, abrindo assim a porta às empresas portuguesas que cada vez mais operam em mercados globais. Por outro lado, os estudantes portugueses ganham experiência internacional e, em especial, são expostos a uma diversidade cultural que hoje é um fator crítico de sucesso para a criação, retenção e atração de talento.