Turquia corre risco de recessão severa
Existe um “aumento drástico” do risco de abrandamento forçado da economia turca, conclui um relatório da Crédito y Caución, seguradora que cobre as operações de exportação de empresas portuguesas para este mercado.
O mais recente relatório divulgado pela Crédito y Caución alerta para o “aumento drástico” do risco de abrandamento forçado da economia turca devido à sua vulnerabilidade à interrupção dos fluxos de capitais e à forte desvalorização da lira, que perdeu cerca de 40% do seu valor em relação ao dólar e ao euro desde janeiro.
Dívida pode ultrapassar 80% do PIB até 2023
O relatório realça que, em setembro, o Banco Central aumentou as taxas de juros referenciais de 17,75% para 24%, “o que superou as expectativas do mercado e, por enquanto, levou à estabilização da taxa de câmbio”. No entanto, “as elevadas taxas de juros terão um efeito adverso sobre o crescimento económico em 2018 e 2019, o que, combinado com uma súbita interrupção nas entradas de capitais, pode resultar numa crise de crédito”.
A Crédito y Caución, que cobre as operações de exportação de empresas portuguesas para este mercado, lembra que grande parte da dívida do setor empresarial é denominada em moeda estrangeira. O elevado nível de endividamento externo, principalmente de bancos e empresas, chega a 220 mil milhões de dólares, o que representa 200% das exportações de bens e serviços. No caso de uma desvalorização real permanente da lira de 30%, a dívida ultrapassaria os 80% do PIB até 2023.
“As empresas não financeiras, em particular, correm um risco cambial substancial: aproximadamente metade dos seus empréstimos totais, cerca de 70% do PIB, é denominada em moeda estrangeira, enquanto os ativos em moeda estrangeira cobrem apenas cerca de 40% dos passivos.
As empresas turcas, particularmente nos setores energético, de materiais de construção, siderúrgico, transportes e produtos químicos, estão fortemente endividadas em moeda estrangeira”, refere a seguradora.
O relatório da Crédito y Caución confirma que, em alguns setores importantes, o comportamento de pagamento já se deteriorou, com prazos de pagamento mais alargados e aumento nos incumprimentos. A seguradora prevê um aumento das insolvências de empresas turcas, que permanecem num nível elevado, com 80% das empresas recém-criadas a fracassar nos primeiros três anos.