Bancos cobram taxa média de 2,36% no crédito às empresas
A taxa média de juros no financiamento às empresas atingiu 2,36% - revela o Boletim Estatístico de Outubro do Banco de Portugal. Esta média apurado pelo BdP, com base nos valores comunicados pelos bancos, revela uma ligeira subida das taxas de financiamento às PME (operações até um milhão de euros), que aumentam para 2,75%. Pelo contrário, a taxa média nas operações acima de um milhão de euros desceu de 2,04% para 1,84%.
Apesar de se manterem a níveis baixos, as taxas de juro praticadas em Portugal estão acima da média da zona Euro, representando um custo de financiamento mais elevado para as empresas portuguesas. Os dados do Banco de Portugal indicam que nas operações de crédito até um milhão de euros a taxa média praticada foi de 2.03%.
O Boletim Estatístico do BdP publicado em outubro revela também que pela primeira vez desde o início da crise financeira o crédito bancário não contraiu em Portugal. A taxa de variação anual do crédito bancário foi de 0,0%, interrompendo um ciclo de queda sucessiva ao longo dos últimos anos. Esta estabilização é conseguida com um aumento de 0,4% no crédito aos particulares que compensou a redução de 0,6% no crédito às empresas.
Na comparação com a zona Euro, Portugal está atrasado na recuperação do crédito na medida em que os outros países têm vindo a crescer de forma sustentada ao longo dos últimos anos, contrariando a tendência de quebra registada em Portugal. Nos países que integram o Euro, o crédito bancário tem um crescimento médio de 3,1% nas operações com as empresas e de 3,2% no financiamento dos particulares.
No segmento do crédito à habitação, o Banco de Portugal ainda aponta uma contração da carteira total de 0,9%, apesar do aumento significativo das novas operações. Na zona Euro, o ritmo de crescimento do crédito à habitação é bastante superior, com uma variação anual de 3,2%.
Microempresas são o segmento mais dinâmico
No crédito às empresas, o segmento mais dinâmico é o das microempresas, com uma taxa de crescimento de 4,1%. Entre dezembro de 2017 e agosto de 2018 o crédito total às microempresas subiu quase 900 milhões de euros, refletindo a aposta dos bancos em pequenas operações de crédito, em detrimento das operações com médias e grandes empresas.
A subida do credito às microempresas ocorre em simultâneo com a redução das situações de incumprimento. De acordo com o Banco de Portugal, as microempresas são responsáveis pelo maior volume de incumprimento no crédito às empresas, mas a tendência não é desfavorável. No espaço de 12 meses, entre agosto de 2017 e agosto de 2018, a taxa de incumprimento bancário das microempresas caiu de 25,3% para 20,4%.
Ao contrário, nas grandes empresas a taxa de incumprimento subiu de 3,2% para 4,1% do total do crédito concedido. Segundo o Banco de Portugal, 10,4% das grandes empresas têm crédito vencido nos bancos.
Em termos de incumprimento, a situação mais difícil está nas instituições em fins lucrativos, devido ao elevado volume de financiamento bancário concedido à Fundação Berardo. De acordo com os dados do Banco de Portugal, a carteira de crédito às instituições em fins lucrativos é de 2036 milhões de euros, dos quais 42,3% estão em incumprimento.