Recrutar e reter bom talento é um dos maiores desafios das PME
“Um dos maiores desafios que as PME encontram é recrutar e reter bom talento”, afirma Bernardo Maciel, diretor-geral da Yunit Consulting, que este mês inicia o roadshow Encontros Yunit Heróis PME.
O primeiro destes encontros será no Porto, no dia 15, e tratará precisamente do tema recrutar e reter bom talento. “O apoio dos parceiros – em especial da Victoria Seguros, neste caso – é fundamental para podermos concretizar estas ideias que são importantes para o sucesso do projeto”, considera Bernardo Maciel.
O primeiro destes encontros será no Porto, no dia 15, e tratará precisamente do tema recrutar e reter bom talento. “O apoio dos parceiros – em especial da Victoria Seguros, neste caso – é fundamental para podermos concretizar estas ideias que são importantes para o sucesso do projeto”, considera Bernardo Maciel.
Vida Económica - Como surgiu a ideia de criar o Prémio Heróis PME?
Bernardo Maciel - As PME são o foco da atuação da Yunit Consulting, que já tem ajudado centenas delas a crescer. Estando, além disso, em todo o país, conhecemos muito bem a realidade dessas empresas, sabemos a sua importância e o impacto que têm na economia e nas comunidades onde atuam. As PME representam 99% do tecido empresarial português, geram quase 80% do emprego e 67% da riqueza produzida. Acontece que, apesar dessa importância, estas empresas não têm nem de longe a visibilidade e o reconhecimento que merecem. Foi isto o que nos levou, em 2017, a ter a ideia deste prémio.
Por outro lado, constatámos que por trás de toda PME bem-sucedida há sempre uma história humana que merece ser conhecida: o empresário que teve que se endividar para poder fazer um investimento importante, o que manteve os postos de trabalho quando os números diziam para fazer o contrário... São histórias de visão, de coragem, de um percurso muitas vezes solitário.
Como diz o comendador Rui Nabeiro, que apadrinhou desde o início esta iniciativa, é um percurso em que o empresário muitas vezes tem de “cerrar o dente e decidir: eu vou fazer”. Porque, se não o fizer, nada acontece. Os empregos secam, a riqueza vai-se embora, as comunidades morrem.
O objetivo, então, é duplo: não é só premiar a visão, a ousadia e a persistência destes empresários, mas também dar a merecida visibilidade às PME que são o motor do nosso desenvolvimento.
VE - Quais são os critérios de seleção e escolha dos vencedores?
BM - Como queremos dar destaque a este lado humano da atividade empresarial, que quase sempre é esquecido, o mais importante é encontrar as melhores histórias para contar. Histórias que demonstrem ousadia e persistência, com um ou mais momentos decisivos nos quais as empresas tiveram de “dar o salto”. Procuramos histórias que sirvam de exemplo para o mercado e que inspirem outros empresários e outras empresas. É claro que as empresas devem ter bons resultados – também queremos celebrar a competência e a performance. Mas há critérios claros definidos para o prémio: a visão, a coragem empresarial, a criatividade e o impacto causado.
Impacto que não é só para a empresa e os seus colaboradores, mas para a comunidade à sua volta e até para toda uma região, já que muitas vezes estamos a falar de empresas fora dos centros urbanos.
A seleção dos vencedores tem duas fases. Na primeira, é o público quem escolhe as suas favoritas. Todas as empresas candidatas vão a votação no site heroispme.pt e as dez com a melhor pontuação são selecionadas para a final. Na segunda etapa, um júri composto pelos nossos parceiros seleciona as cinco vencedoras.
VE - Que papel têm as entidades envolvidas nesta iniciativa?
BM - Temos a TSF e o Dinheiro Vivo como parceiros de “media”, o que é muito importante tendo em conta que o objetivo principal do prémio é dar mais visibilidade às PME portuguesas e aos seus percursos.
Além disso, felizmente, temos conseguido ter a parceria de grandes marcas e instituições que também conhecem a importância da PME e alinham connosco na necessidade de lhes dar mais reconhecimento e visibilidade. É o caso da Victoria Seguros, que está connosco desde a primeira edição, mas também da Delta Cafés e da CCIP.
São apoios que nos permitem ir mais longe na divulgação da iniciativa. Por exemplo, este mês, vamos iniciar um roadshow por todo o país, os Encontros Yunit Heróis PME, com temas que interessam muito de perto aos empresários. O primeiro será no Porto, no dia 15, e tratará de um dos maiores desafios que as PME encontram, que é recrutar e reter bom talento. O apoio dos parceiros – em especial da Victoria Seguros, neste caso – é fundamental para podermos concretizar estas ideias que são importantes para o sucesso do projeto.
VE - A designação Heróis PME significa que o caminho percorrido pela generalidade das empresas é exigente e difícil?
BM - Nem mais. Quando se olha para uma empresa com uma trajetória de sucesso já construída, em que as coisas já andam em velocidade de cruzeiro – até onde isso é possível no mundo empresarial –, é fácil perder a noção do que foi preciso para chegar até ali. Foram muitas decisões difíceis e arriscadas que pesaram nos ombros de meia dúzia de pessoas. Coisas que deram certo, mas que podiam não ter dado. E coisas que não deram mesmo certo e foi preciso levantar, curar as feridas e começar de novo.
Não é toda a gente, como é óbvio, que tem perfil para exercer esse papel, e não há nada de errado com isso. Mas quem o tem deve ser reconhecido, porque frequentemente levar uma empresa ao sucesso é mesmo uma proeza. Um empresário precisa não só dessas qualidades humanas – a coragem, a persistência, a capacidade de ver mais longe e de acreditar na sua visão – como de um conjunto muito variado de competências. Tem de resolver problemas financeiros, administrativos, de estratégia, tem de ser bom negociador, bom líder, bom vendedor…
É, sim, um caminho exigente e difícil. Por isso merece ser valorizado – porque na verdade precisamos de ainda mais “heróis” que se disponham, apesar de tudo isso, a empreender e a desenvolver o país.
VE - É possível estimular o lançamento de novos projetos e em simultâneo aumentar a cultura empreendedora dos colaboradores das empresas?
BM - Esta é uma das motivações deste prémio: encontrar empresários e empresárias que sejam uma inspiração, não só para outros empreendedores, mas para toda a gente. Na Yunit Consulting, acreditamos muito na cultura do empreendedorismo, com todos os seus ingredientes. A capacidade de iniciativa, de planeamento, de autorresponsabilização, de mobilização dos outros…
Tudo isto tem sido promovido de forma muito conotada com as startups, o que é ótimo, mas é, se ficarmos por aí, restritivo. Uma empresa que já cresceu, que já não é uma startup, continua a precisar do espírito empreendedor, e não só da parte dos seus líderes. O que temos visto, aliás, é que os empresários que temos premiado se tornam uma fonte de inspiração ainda maior para as suas equipas.
E na verdade podem sê-lo para ainda mais gente, para toda a sociedade. Porque é desse mesmo espírito empreendedor que precisamos nas nossas associações, nas entidades da sociedade civil, nas escolas e universidades, até mesmo nas famílias. Eu diria que é um conjunto de valores e atitudes que representa um bem em si mesmo, que transcende em muito o universo empresarial. E o que quer que ajude a promover estes valores – como modestamente estamos a fazer com os Heróis PME – é um contributo positivo para uma sociedade melhor.