Garantia mútua possibilita mais de 32,9 mil milhões de euros de financiamento às empresas
“Em 2019, a Norgarante prestou 9660 garantias, num total de quase 570 milhões de euros, de que foram beneficiárias mais de 8800 empresas, com mais de 167 mil trabalhadores”, afirma Teresa Duarte, CEO da Norgarante.
“Globalmente, as operações viabilizadas pelo Sistema de Garantia Mútua mobilizaram mais de 16,6 mil milhões de euros em garantias. De tais garantias usufruíram mais de 114 mil empresas, num total de mais de 32,9 mil milhões de euros de financiamento garantido”, acrescenta.
Vida Economica – A segunda conferência da Norgarante teve como tema a “Economia digital e a competitividade do futuro”. Porquê a escolha deste tema?
Teresa Duarte - A Norgarante propôs o debate sobre “Economia digital e a competitividade do futuro” com especialistas em inovação, disrupção, economia digital e produtividade nas empresas, uma vez que estas são algumas das áreas-chave contempladas no próximo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia 2021/2027, sendo também áreas determinantes para a competitividade das empresas portuguesas no mercado global. Tendo isto presente, a Norgarante não podia deixar de proporcionar a empresários e gestores uma visão abrangente sobre a transformação digital como determinante para o sucesso empresarial.
VE – É através da economia digital que as empresas podem ser mais competitivas no exterior, incrementando as suas exportações e processos de internacionalização. A Garantia Mútua assume uma importância chave nessa estratégia? De que forma?
TD - Muitas empresas da região Norte passaram já por processos de transformação ditados pela chamada quarta revolução industrial (Indústria 4.0), pelo investimento em inovação e investigação e desenvolvimento (I&D) e pelo reforço da sua capacidade competitiva, o que se tem refletido positivamente no aumento das exportações, do investimento e do emprego, por exemplo. Tudo isto numa zona em que coexistem subsidiárias de grandes grupos industriais globais com PME de sectores tradicionais e operadores relativamente recentes em áreas tecnológicas e de conhecimento que já são marcas de referência no mercado mundial. No entanto, existe ainda um número considerável de empresas que se encontram numa fase muito inicial, em alguns casos até mesmo embrionária, do processo de transformação digital. Um dos objetivos da Conferência de Negócios promovida pela Norgarante é, justamente, reunir no mesmo espaço empresas que já deram o salto digital com empresas que ainda estão a descobrir como incluir na sua estratégia este novo modelo de negócios. Uma oportunidade única de partilhar visões e experiências.
Por outro lado, a Norgarante pretende manter a estreita relação de parceria que há quase 18 anos mantém com o tecido empresarial das regiões Norte e Centro Norte do país, apoiando os seus investimentos em inovação e capacitação competitiva, num contexto em que os desafios e as mudanças disruptivas da economia digital vão coincidir com as oportunidades e os instrumentos de apoio previstos no Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia 2021/2027 que define as prioridades políticas da União, assim como os domínios de intervenção num período de sete anos.
Sabemos que um dos grandes desafios da transformação digital para as empresas é o investimento inicial. Implementar uma estratégia de transformação digital numa organização implica, na maioria das vezes, custos avultados em equipamentos, soluções tecnológicas, programas e sistemas inovadores, consultadoria e formação das equipas de trabalho. Isso implica que as empresas recorram a empréstimos bancários para poder suportar o investimento inicial e assim conseguir ter o retorno esperado, gerando valor para o negócio.
Com o intuito de apoiar as empresas, em particular as PME, neste investimento em transformação digital, indústria 4.0 ou digitalização, a Norgarante disponibiliza linhas de crédito com garantia mútua, que apresentam condições de custo e prazo mais vantajosas para as empresas.
Linhas de crédito como a Linha de Apoio ao Desenvolvimento de Negócio – ADN 2018, a Linha Capitalizar 2018 e Linha Capitalizar Mais encontram-se protocoladas com as principais instituições de crédito a operar em Portugal, desempenhando a Garantia Mútua um papel fundamental na partilha de risco, além de aconselhamento gratuito na identificação da solução de financiamento mais adequada às necessidades das empresas de acordo com os seus projetos e características do negócio.
VE – De que forma a garantia mútua articula com o final da execução do Portugal 2020?
TD - O Sistema de Garantia Mútua tem sabido acompanhar os desafios colocados pelos sucessivos quadros comunitários de apoio, alavancando os investimentos das empresas portuguesas nas mais diversas áreas. Sucessivamente, têm sido disponibilizadas às empresas Linhas de Crédito com Garantia Mútua para apoiar os seus projetos do Portugal 2020 nos seus variados âmbitos – despesas elegíveis, despesas não elegíveis nas candidaturas aprovadas e fundo de maneio associado ao projeto.
O Portugal 2020 e o Norte 2020, por exemplo, continuam disponíveis para receber projetos e a Norgarante continuará a apoiar os empresários cuja visão de futuro os leva a enfrentar novos desafios.
VE – Sabendo-se que a economia digital é a grande aposta dos fundos da União Europeia para 2021-2027, a realização desta conferência pode significar uma “janela aberta” para o futuro em termos de dinâmica empresarial e utilização de recursos financeiros?
TD - Nos últimos anos, Portugal tem vindo a subir nos rankings europeus da inovação e da tecnologia, mas no mercado global continua a ser percecionado como um ‘player’ de nível “moderado”. A versão mais recente do Painel Regional de Inovação da União Europeia (https://ec.europa.eu/growth/industry/innovation/facts-figures/regional_pt referenciado pelos especialistas pelo acrónimo inglês RIS, de Regional Innovation Scoreboard), divulgada no último verão, confirma essa progressão, mas evidencia também o investimento que as empresas portuguesas têm de continuar a fazer para poderem comparar com as suas congéneres europeias nas áreas de inovação, I&D, desenvolvimento tecnológico, talento e produtividade.
A Norgarante está, como sempre, disponível para assumir um papel ativo na economia nacional, não só enquanto facilitador nos projetos de investimento que visem o desenvolvimento de negócios e o crescimento das empresas, trazendo benefícios claros para as empresas no acesso ao crédito, na capacidade de investimento, no aumento das exportações e na criação de emprego, como também promovendo conferências como estas que permitem partilhar com as empresas visões de especialistas nestas áreas e constituem uma oportunidade singular para ter contacto com os desafios e expetativas dos empresários.
Norgarante apoia 25 mil empresas
VE – Qual é o balanço da atividade da Norgarante em 2019 e que perspetivas para 2020?
TD - A Norgarante, enquanto Sociedade de Garantia Mútua responsável pela operacionalização do Sistema de Garantia Mútua nas regiões Norte e Centro-Norte de Portugal, em 2019, prestou 9660 garantias, num total de quase 570 milhões de euros, de que foram beneficiárias mais de 8800 empresas, com mais de 167 mil trabalhadores.
É também responsável pela maior fatia da carteira das cerca de 284 mil garantias emitidas por todo o sistema até 31 de dezembro de 2019. Globalmente, as operações viabilizadas pelo Sistema de Garantia Mútua mobilizaram mais de 16,6 mil milhões de euros em garantias. De tais garantias usufruíram mais de 114 mil empresas, num total de mais de 32,9 mil milhões de euros de financiamento garantido.
Desde o início da sua atividade, em 2002, e até final de dezembro passado, só a Norgarante apoiou 51 605 micro, pequenas e médias empresas da região Norte e dos distritos mais a Norte da região Centro, que beneficiaram de 133 mil garantias emitidas, cujo valor agregado superou os sete mil milhões de euros.
À data de 31 de dezembro de 2019, das cerca de 57 359 empresas nacionais apoiadas pelo Sistema de Garantia Mútua, num total de 3,8 mil milhões de euros de garantias em vigor, 25 mil empresas eram apoiadas pela Norgarante.
Para 2020 estimamos desenvolver uma atividade semelhante a 2019, continuando a apoiar milhares de empresas no acesso ao crédito e apoiando-as no desenvolvimento dos seus negócios. A Norgarante quer continuar a garantir que a próxima década seja de sucesso para os seus mutualistas, contribuindo para que empresas utilizadoras de garantia mútua aumentem a sua taxa de investimento total, e nas melhores condições, prestando todo o tipo de garantias necessárias para a concretização dos seus projetos, agilizando e auxiliando no acesso ao crédito, impulsionando assim os seus negócios e a economia nacional. Porque estamos cá, para “Juntos, Multiplicamos Valor”.
VE – Que mensagem gostaria de transmitir?
TD - A Norgarante pretende continuar a apoiar o maior número de empresas no acesso ao crédito, bem como o desenvolvimento dos seus negócios, através da prestação de garantias, contribuindo para a melhoria da sua situação económica e financeira e da economia nacional.
Para isso, temos gestores de cliente dedicados nas agências à disposição das empresas (Porto, Braga, Aveiro e Viseu) e Linhas de Crédito Protocoladas com todas as Instituições de Crédito. Facultamos ainda informação relevante e atualizada através do nosso site (Norgarante.pt), da nossa newsletter (que pode ser subscrita no nosso site), na nossa página no LinkedIn e em Conferências de Negócios NGT, como esta que agora realizámos, em que promovemos a partilha de informação relevante e atual aos empresários.
Em resumo, a Norgarante quer estar sempre ao lado das empresas para as apoiar nos seus projetos e nos seus negócios, contribuindo para a melhoria da sua situação económica e financeira, apoiando o aumento da sua competitividade e criação de valor, contribuindo para a melhoria da economia nacional.
Empresas familiares apoiadas
com linha de crédito de 100 milhões de euros
As empresas familiares passam a dispor da Linha Sucessão Empresarial e Incremento de Escala.
Esta nova solução com garantia mútua “destina-se ao financiamento, simples e nas melhores condições, de processos de sucessão familiar, de aquisição de empresas, de concentração e de aumento de escala das empresas”, afirma Teresa Duarte.
Lançada e gerida pela SPGM, e ao dispor das empresas nas quatro sociedades de garantia mútua (Norgarante, Garval, Lisgarante e Agrogarante) e nos principais bancos nacionais, a nova Linha Sucessão Empresarial e Incremento de Escala tem como principais objetivos “favorecer o posicionamento competitivo das empresas familiares no mercado global, bem como facilitar o desenvolvimento de negócio, explorar sinergias empresariais e contribuir para ganhos de escala e de produtividade”.
É uma linha de crédito com 100 milhões de euros e destina-se preferencialmente a PME, mas as empresas com um volume de negócios até 150 milhões de euros também podem recorrer a este apoio. Para isso é necessário ter uma situação líquida positiva no último balanço aprovado, não ter situações de incumprimento junto da banca, nem dívidas ao Fisco ou à Segurança Social.
As empresas podem obter financiamento até 2,5 milhões de euros, por um prazo máximo de 10 anos, com 36 meses de carência de capital. O “spread” máximo a aplicar pelo banco está limitado e varia de acordo com os níveis de risco das empresas.
As operações podem envolver sucessores familiares, quadros, administradores independentes, outros investidores ou entidades externas à empresa.
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