BCE antecipa queda do preço das casas até 9% nos próximos dois anos;

Habitação valoriza 21% no último ano
BCE antecipa queda do preço das casas até 9% nos próximos dois anos
O Banco Central Europeu (BCE) prevê que os preços da habitação no conjunto da zona Euro registem uma descida até 9% nos próximos dois anos, em consequência da subida das taxas de juro no crédito habitação. Num artigo publicado no seu Boletim Económico, vários economistas desta instituição europeia referem que no primeiro trimestre de 2022 se registou um aumento das taxas de juro diretoras de 63 pontos base, o que representa o maior aumento semestral nunca antes registado.
Este facto terá efeitos tanto nos preços das casas como no investimento imobiliário. De acordo com a projeção linear  preparada pelos técnicos do BCE, um aumento de um ponto percentual nas taxas do crédito habitação provoca uma queda de 5% nos preços da habitação após dois anos, bem como uma queda de 8% no investimento imobiliário.
Mas se for considerada uma projeção não linear, para se ter em conta uma maior sensibilidade ao preço devido ao ambiente de baixas taxas de juros, o impacto desse aumento de um ponto percentual duplica. Dessa forma, os preços da habitação poderiam cair 9% num período de dois anos, enquanto o investimento cairia 15%.
No entanto, parte da queda nos preços das casas pode ser compensada por preços mais altos e investimentos em casas mais espaçosas, mais distantes do centro das cidades, para se ajustar às mudanças nas preferências das famílias após a pandemia.

Habitação valoriza 21% no último ano
Desde início do ano que os preços residenciais sobem mais de 1,0% por mês, alcançando por duas vezes, em maio e julho, variações mensais de 2,5%. Agosto consolidou a trajetória de forte valorização mensal, registando um aumento de 1,7% face a julho, destaca a Confidencial Imobiliário.
Em termos nacionais, o anterior pico de valorização rondou os 17,5% e ocorreu imediatamente antes de surgir a pandemia. Apesar do primeiro ano pós-Covid ter sido marcado pelo abrandamento da valorização, desde março de 2021 que os preços retomaram a tendência de intensificação nas subidas, a qual tem sido especialmente vincada ao longo de 2022.
Este comportamento esconde a heterogeneidade entre os mercados mais caros, liderados por Lisboa, e os mercados com níveis de preço mais baixo, como as periferias das Áreas Metropolitanas e outras segundas cidades do país. Ao passo que estes últimos mercados registam ritmos de valorização bastante mais fortes, os mercados com níveis de preços mais consolidados têm vindo a apresentar subidas mais contidas. É o caso de Lisboa, líder de preço a nível nacional e onde a valorização homóloga no 2º trimestre deste ano foi de 10,6%. Trata-se de um abrandamento face ao ritmo de subida de 13,5% verificado na capital no trimestre anterior, além de ser também um dos aumentos menos robustos quer entre as capitais de distrito quer no contexto da respetiva região metropolitana.
Os preços médios de transação no agregado do país refletem bem a dinâmica de valorização. O preço médio de venda das casas em Portugal em agosto, considerando um período acumulado de três meses, ascendeu a 2.025G/m2, mantendo-se no patamar superior aos 2.000G/m2 que tinha sido atingido no 4º trimestre de 2021, conforme os dados do SIR-Sistema de Informação Residencial.
Célia Cesar, 22/09/2022
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