BPI e novobanco crescem mais no crédito às empresas;

CGD na terceira posição
BPI e novobanco crescem mais no crédito às empresas
O BPI e o novobanco são neste momento os bancos que mais estão a aumentar o crédito às empresas em Portugal. Em terceiro lugar está a CGD, seguido do Millennium bcp. Em último lugar, com uma queda de 4,1%, está o Santander Portugal.
Nos primeiros meses de 2022, o novobanco aumentou o crédito às empresas, em 851 milhões de euros, mais 5,9% do que em igual período de 2021, atingindo um total de 14 524 milhões de euros. É o maior aumento dos cinco maiores bancos a operar em Portugal. Em segundo lugar, surge o BPI, com um aumento de 4%, correspondente a mais 400 milhões de euros, elevando o crédito às empresas a 10,9 mil milhões de euros.
A CGD surge em terceiro lugar com um aumento de 2,3%. Nos resultados e contas relativos aos primeiros nove meses deste ano, é apresentando um valor global de crédito às empresas e SPA (setor público administrativo) de 19 924 milhões de euros. Solicitada pela “Vida Económica” a desagregar este valor, a CGD recusou, pelo que fomos obrigados a consultar o relatório e contas relativo ao terceiro semestre de 2021, onde esse valor aparece em separado, representando nesse ano o SPA 17,8% no total de crédito às empresas &SPA. Aplicando esta percentagem ao valor agregado de 2022, conclui-se que o crédito às empresas (sem SPA) terá ascendido, no final do terceiro trimestre de 2022, a 16 378 milhões de euros, mais 378 milhões de euros (uma subida de 2,3%) do que em igual período de 2021. As PME representam 21% do total de crédito concedido a empresas & SPA, com um crescimento de 6% face a dezembro de 2021.
O Millennium bcp, apesar de apresentar o maior volume de crédito às empresas (18,8 mil milhões de euros, atinge um ligeiro crescimento de 0,8% face ao período homólogo anterior (yoy), apresentando uma subida de cerca de 500 milhões de euros de crédito às empresas.
O Santander Portugal recua no crédito às empresas, revelando uma queda de 4,1%, passando de 16 322 milhões para 15 660 milhões yoy, ou seja, um corte de 662 milhões de euros. A explicação dada pelo banco à “Vida Económica” para esta diminuição é a seguinte: “A evolução reflete em grande medida a elevada liquidez acumulada pelas empresas, bem como um conjunto de vencimentos programados ao nível de empresas de maior dimensão. A ligeira quebra também é explicada pelo ambiente competitivo que se viveu no sistema financeiro durante os primeiros nove meses do ano”.

Resultados globais positivos
Em termos dos resultados globais dos bancos, todos apresentam melhorias em 2022.
O novobanco apresenta nos primeiros um resultado líquido de 428,3MJ (9M21: 154,1MJ; +178%). “O crescimento da atividade nos primeiros nove meses de 2022, reflexo da estratégia de crescimento sustentado do negócio bancário em Portugal, com geração crescente de receita e capital, conduziu à criação de valor para todos os ‘stakeholders’”, afirma Mark Bourke, CEO do novobanco. As comissões de serviços a clientes ascenderam a 215,7 MJ (+3,8% vs 9M21) e o Crédito a clientes (líquido) ascendeu a 24,6 mMJ (+3,9% vs dez/21).
O BPI obteve um resultado consolidado de 286 MJ nos primeiros nove meses de 2022, uma subida de 18% em relação ao mesmo período de 2021. A atividade em Portugal contribuiu com 159 MJ, o que corresponde a um aumento de 25% face ao período homólogo de 2021.
 “O BPI mantém uma posição financeira sólida, assente num forte dinamismo comercial, que nos tem permitido ganhar quota de mercado nos diversos segmentos de negócio e melhorar a rentabilidade. O Banco está preparado para continuar a dar um apoio decisivo às famílias, empresas e sociedade, num cenário de incerteza quanto à extensão e duração dos impactos da situação geopolítica e económica a nível internacional. Olhamos para os próximos exercícios com muita prudência, com a confiança de termos uma capitalização confortável, o melhor risco de crédito em Portugal, uma equipa focada e a capacidade de investir em tecnologia e inovação”, destaca João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI. O banco registou crescimentos homólogos de 7% no crédito e 8% nos depósitos de clientes, com ganhos de quota de mercado.
A Caixa regista um resultado líquido consolidado, acumulado a setembro, de 692 MJ (+64,7% yoy), o crédIto a clientes subiu 2,4% para um total e 45 887 MJ. O presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, apontou que esta é a “primeira vez que a CGD consegue remunerar o custo do capital que é investido pelos contribuintes”.
“Esta evolução reflete um custo do risco de crédito negativo no período pós-pandemia, um dos mais baixos de sempre a venda de alguns ativos não “core”, bem como o contributo da atividade internacional para o resultado líquido do Grupo, no valor de 155 milhões de euros, um crescimento de 58% face aos primeiros nove meses de 2021”, refere o banco em comunicado.
O resultado líquido consolidado do Millennium bcp ascendeu a 97,2 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2022, que compara com os 59,5 milhões de euros apurados no período homólogo do ano anterior. Esta evolução do resultado líquido do Grupo reflete o bom desempenho da atividade em Portugal, onde o resultado líquido ascendeu a 295,7 milhões de euros, acima dos 115,2 milhões de euros alcançados no período homólogo do ano anterior. A instituição liderada por Miguel Maya tem sido penalizada nos últimos trimestres pelo desempenho do polaco Bank Millennium, que controla a 50,1%. Sem o impacto da Polónia, os lucros teriam mais do que duplicado, para 536 milhões de euros, diz o banco.
No final de setembro de 2022, o Santander em Portugal obteve um resultado líquido de 385,1 milhões de euros, que compara com 172,2 milhões de euros obtidos no mesmo período de 2021 (+123,7%, subida explicada, sobretudo, pelo encargo extraordinário assumido, no ano passado, para fazer face ao plano de reestruturação do banco, no valor de 164,5 milhões de euros líquidos de imposto), a carteira de crédito ascendeu a 43,5 mil milhões de euros, registando um ligeiro decréscimo, em 0,1%, em termos homólogos. A redução de custos operacionais (em 13,6%) também contribuiu para a melhoria do lucro do banco liderado por Pedro Castro e Almeida.
VIRGÍLIO FERREIRA (virgilioferreira@grupovidaeconomica.pt), 25/11/2022
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