O capital intelectual das empresas;

O capital intelectual das empresas
Antonio Flores - CEO da Loop Unique Companies
O óbvio passa despercebido, o importante fica relegado a um segundo lugar e em algumas ocasiões, as árvores não nos deixam ver o bosque.
O conjunto de uma empresa está formado por pessoas que recebem conhecimento, que o evoluem, que o transformam e posteriormente o trespassam. Captar e reter pessoas talentosas tornou-se num objetivo primordial, o talento das pessoas é seguramente um dos elementos que marcam a diferença para competir.

As pessoas com talento são na sua generalidade transformadoras y portadoras do conhecimento diferencial que define o ADN de uma empresa e por muito óbvio que pareça, o mais precioso numa empresa é o seu conhecimento diferencial e específico que possui.
Pessoas com conhecimento e capital empreendedor são os pilares sobres os quais se deve construir qualquer novo projeto, sendo esta uma combinação difícil de conseguir; as pessoas com capital empreendedor, por norma jovens, reúnem ao mesmo tempo o máximo de energía e o mínimo de conhecimento, o que resulta numa combinação explosiva. Por outro lado, um empregado quando está na idade da reforma é quando mais conhecimento comprovado concentra na sua pessoa. Quando chega a reforma, a grande maioria do conhecimento pessoal e diferencial perde-se, cortando a linha evolutiva do mesmo.
Muitas empresas centradas em desenvolver conhecimento novo não valorizam suficientemente o legado do conhecimento já existente e amortizado; praticamente não existem estratégias de gestão e estruturação do conhecimento (em especial o antigo): como podemos assegurar a retenção do conhecimento por parte da organização quando uma pessoa se reforma? Devemos reivindicar uma “tese de reforma” quando um colaborador está nesta fase da sua vida laboral?
Se questionarmos um Conselheiro Delegado acerca dos seus estados financeiros, da evolução das suas vendas ou da maturidade dos seus mercados, vemo-nos inundados por um âmplo reportório de argumentos, gráficos e dados. O que aconteceria se lhe perguntássemos pelo conhecimento da sua empresa? Mostraria um gráfico representativo do stock de conhecimento do qual estão formados? Posso apostar que, no melhor dos casos, a resposta centrar-se-ia no último desenvolvimento da sua área de I+D, ou na última patente que lhes foi concedida.
Na generalidade, as empresas gerem três tempos do seu conhecimento: o que lhes permite realizar a sua operação no dia-a-dia, o que se encontram a desenvolver para a operação “do amanhã” e a visão que têm sobre o conhecimento que necessitarão para o futuro da sua operação.
É habitual que as empresas prestem pouca atenção ao seu conhecimento da operação “do dia-a-dia”, consideram-no amortizado e de domínio público, poucas são conscientes que o que consideram conhecimento normal, fora do seu contexto, pode tornar-se em algo execional: Nele baseia-se o conceito de “capital intelectual”, a base sobre a qual se pode estruturar uma rede de filiais e joint-ventures que exploram noutros contextos um conhecimento já amortizado da nossa empresa. É também uma excelente oportunidade para revalorizar a carreira de alguns executivos que não encontram aliciante, personalismo ou diferenciação suficientes na dinâmica habitual da empresa.
Ter uma posição clara sobre o conhecimento que necessitaremos para a nossa operação futura, é um modo de ancorar y tornar tangiveis as relações com start up’s. Para uma corporação e debaixo do conceito de custo de oportuidade, é difícil que estas sejam algo renatável, uma futura mais-valia económica não é suficiente para retirar o foco da atividade principal. Exceto se responder a uma necessidade de conhecimento disruptivo. Pode por isso ser um mecanismo de aceleração e captação de novo conhecimento rentável e benéfico.
Para tudo isto é básico dispor do nosso “stock de conhecimento”, de realizar e manter um seguimento de todo o conhecimento que conforma a nossa empresa e que nutre toda a atividade que realizamos, sempre de forma descontextualizada e “descarnada” do motivo pelo qual chegou até nós.
Não podemos gerir aquilo que não conhecemos: O “que não se conhece”, simplesmente não existe e não pode “não existir”, aquilo que dá forma e sentido ao que fazemos.
Antonio Flores - CEO da Loop Unique Companies, 10/04/2018
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