“Para onde vai a economia portuguesa”;

“Para onde vai a economia portuguesa”
INDICADOR COMPÓSITO
A atividade económica portuguesa desacelera no terceiro trimestre mas atinge valores pré-crise de 2008
 
Embora a atividade económica portuguesa continue a crescer, no terceiro trimestre do ano corrente regista-se uma desaceleração da recuperação quer em relação ao segundo trimestre, quer em relação ao trimestre homólogo do ano anterior, a avaliar pelo indicador compósito que temos vindo a construir para acompanhar a evolução da atividade económica portuguesa. Na construção deste indicador levamos em conta a opinião de oito economistas bem como as séries estatísticas disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Estatística e Banco de Portugal relativas ao Produto Interno Bruto (PIB), formação bruta de capital fixo, exportação de bens e serviços, taxa de desemprego, índice harmonizado de preços no consumidor, indicador de sentimento económico, índice de vendas a retalho, índice de vendas de viaturas comerciais pesadas e índice de vendas de cimento. A Figura 1 mostra a evolução deste indicador desde o 1.º trimestre de 1996 até ao fim do 3.º trimestre de 2018.

 

 
Figura 1: Evolução da situação económica portuguesa por trimestre



(1/01/1996 — 30/09/2018)A avaliar pelo valor do nosso indicador compósito no 3.º trimestre de 2018, a atividade económica portuguesa atinge o patamar observado no 1.º trimestre de 2008, ou seja, antes do início da crise económica e financeira. Contudo, muito embora se continue a registar uma evolução favorável da atividade económica portuguesa no 3.º trimestre de 2018, quer em relação ao trimestre anterior (+2,75%), quer em relação ao trimestre homólogo do ano anterior (+6,72%), não se deixa de registar uma desaceleração na recuperação em ambos os casos (vide Quadro 1). Para a evolução favorável do indicador em relação ao trimestre anterior, contribuiu, fundamentalmente, a evolução observada no índice das vendas a retalho e no índice de vendas de viaturas comerciais pesadas. Já no que se refere às exportações e às vendas de cimento, observa-se uma evolução desfavorável. Quanto à evolução registada em relação ao trimestre homólogo do ano anterior, embora como notamos se assista também a uma desaceleração, a evolução positiva observada neste indicador compósito continua a ser suportada por todas as séries que entram na sua construção, com exceção do índice de vendas de viaturas comerciais pesadas.
A evolução negativa das exportações registada, não deixa de revelar preocupações atendendo ao papel que têm assumido na evolução da atividade económica portuguesa desde que se iniciou a sua recuperação no 2.º trimestre de 2013. Contudo, como alguns economistas têm advertido, a evolução desfavorável das exportações poderá ser um reflexo de uma conjuntura externa mais adversa quer ao nível da União Europeia, quer ao nível ao nível dos outros blocos económicos motivada por uma desaceleração também aí observada bem como por ambientes mais protecionistas. Acresce, ainda, que não podemos esquecer os efeitos das greves dos operadores dos portos na evolução das nossas exportações. Assim, aguardemos o comportamento da evolução deste indicador no próximo trimestre para podermos confirmar a sua evolução bem como o comportamento desta tão importante rubrica enquanto motor de crescimento da atividade económica portuguesa.
 
Quadro 1: Análise comparativa
Trimestre Valor do indicador Variação em relação ao trimestre anterior (%) Variação em relação ao trimestre homólogo do ano anterior (%)
3.º Trim. 2018 85,57 2,75 6,72
2.º Trim. 2018 83,28 4,28 10,04
1.º Trim. 2018 79,86    
3.º Trim. 2017 80,18    
2.º Trim. 2017 75,68    
 
 
João Veríssimo Lisboa Mário Gomes Augusto, 06/12/2018
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