Incubação ANJE:empresário com paralisia cerebral cria videojogo para a Playstation;

Incubação ANJE:empresário com paralisia cerebral cria videojogo para a Playstation
Bruno Osório tem paralisia cerebral, desloca-se numa cadeira de rodas e aos 30 anos é gestor de duas startups criadas com o apoio da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários – uma das quais desenvolve um videojogo para a Playstation. Em conversa, Bruno Osório conta a história de como uma empresa do Porto chega a conversas com a Sony.
 
Como é que surgiu a ideia de criar a Adamastor Studio?
Eu cresci no seio de uma família ligada desde sempre ao mundo dos negócios. Por isso, desde cedo comecei a ter conhecimentos em Excel e a ter as primeiras noções de contabilidade, o que me ajudou a construir algo e a criar riqueza.
Relativamente à marca, a Adamastor Studio surgiu muito pelo fascínio que tenho pelos descobrimentos portugueses. E é aqui que entra a analogia do Adamastor, um monstro aparentemente impossível de derrotar. Mas, tal como os portugueses conseguiram dobrar o cabo e “vencer” os obstáculos, a nível pessoal, também posso dizer que na minha vida comecei a enfrentar muitas dificuldades, mas consegui ultrapassar esses desafios e tenho atualmente uma vida pujante e cheia de esperança no futuro.
A empresa inicialmente não era nossa, só tínhamos mesmo a marca Adamastor Studio, mas desde sempre vi o produto com grande potencial de venda. O que fizemos foi esperar pela oportunidade certa para adquirir a empresa e o VRock e em mais ou menos três meses fizemos de um produto morto e esquecido um título bastante esperado e cheio de oportunidades.
 
Já era fã de videojogos e do mundo das consolas antes de criar a empresa?
Sim, a minha relação com os videojogos é umbilical. Foi com eles que me foi possível chutar uma bola e pensar que podia ser o que quisesse.
 
E a outra empresa, a Foxtech? Disse que era uma empresa que atuava na área da tecnologia, mas o que faz especificamente?
A ideia que fez surgir a Foxtech começou em 2012, no ano em que comecei a projetar a minha caminhada no empreendedorismo. Construí uma equipa multidisciplinar que contemplava as áreas de engenharia informática e engenharia eletrotécnica, tendo em vista o desenvolvimento de um projeto para participar num concurso promovido pela Microsoft, conhecido como Imagine Cup. 
O projeto consistia num sistema que fosse acoplado a qualquer cadeira de rodas elétrica, permitindo ao utilizador, através de um dispositivo móvel, escolher um determinado destino no mapa da região, para que o sistema controlasse a condução da cadeira até chegar ao destino pretendido. Em 2013, participámos na Imagine Cup com um pequeno protótipo deste sistema chegando à final nacional. Devido ao excelente feedback recebido, começámos a levar mais a sério a realidade de iniciar um caminho empresarial. A partir deste projeto começámos a criar conexões com o mundo empresarial, principalmente com associações e outras empresas da área. Participámos em feiras, palestras e eventos de empreendedorismo. Nesta etapa, a equipa começou também a implementar os seus conceitos e protótipos, e foi assim que construímos as bases sólidas que permitiram, em 2016, criar a Foxtech.
 
O público-alvo para que se dirigem os dois negócios é o mesmo? Como caracteriza os seus clientes?
Ao nível da Foxtech, estamos focados em robótica, hardware e sistemas distribuídos. Neste caso, abrangemos desde B2B e B2C. No caso da Adamastor Studio, relativamente ao VRock, todos os entusiastas da música e do Rock.
 
A relação com a ANJE, com outras startups e empresas foi importante para o desenvolvimento destes projetos?
A ANJE é a minha casa e foi determinante para o meu crescimento. Adoro todas as pessoas que lá trabalham.
 
Já disse anteriormente que pretende vender estas empresas para posteriormente investir em novos projetos. Já tem alguma ideia do que é que poderá vir a ser?
Não excluo qualquer área de negócio. Desde que eu domine o mercado e que o consiga escalar, irei investir.
Susana Almeida, 22/03/2019
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