PayPal aumenta a segurança das compras on-line;

Miguel Fernandes revela que o sistema já tem mais de 700 mil utilizadores em Portugal
PayPal aumenta a segurança das compras on-line
Miguel Fernandes refere que os portugueses fazem a maioria das compras “on-line” a fornecedores estrangeiros, ao contrário do que acontece em Espanha.
“O PayPal não é só um meio de pagamento” – afirma Miguel Fernandes. Em entrevista à “Vida Económica”, o diretor da PayPal, responsável pela operação do mercado português, destaca o facto de ser também garantida a conformidade do produto ou serviço, o que aumenta a segurança nas compras on-line. Face a outras alternativas de pagamento, o PayPal tem a vantagem de não envolver a partilha de dados financeiros, como números de contas bancárias ou números e códigos de cartões de crédito.
Apesar de ser um sistema global e utilizado nos cinco continentes, Miguel Fernandes considera que o PayPal continua a ser uma solução adequada para os pequenos operadores, ao permitir a qualquer pessoa criar um site, abrir uma conta e começar a receber pagamentos de clientes em qualquer parte do mundo.
Vida Económica - Como tem evoluído a atividade da PayPal em Portugal?
Miguel Fernandes - Começámos em 2012 com uma base pequena em Portugal e temos vindo a crescer de uma forma interessante nestes últimos anos. Em 2015/2016 tínhamos meio milhão de utilizadores. No início de 2018 já eram 700 mil. Este ano, não temos ainda números oficiais para comunicar mas continuamos com taxas de crescimento bastante interessantes.
 
VE - Quais são os principais fatores que determinam a opção pela PayPal face a outras formas alternativas de pagamento?
MF - Basicamente aquilo que um cliente procura quando abre uma conta PayPal é uma forma segura de comprar online. Quando falamos numa forma segura, não falamos apenas daquilo que é o básico de não partilhar dados financeiros. Quando falamos em segurança, falamos em algo muito mais envolvente do que o pagamento porque o PayPal não é só um meio de pagamento. É também um player que ajuda a conectar vendedores e compradores sem que sejam partilhados dados financeiros e assegurando que aquilo que estamos a comprar é realmente aquilo que nos chega a casa. O que realmente nos diferencia é o facto que se o que comprarmos não chegar a casa o PayPal devolve-nos o dinheiro. Se comprarmos um chapéu e vierem umas calças, o PayPal devolve-nos o dinheiro. A insegurança que existe no mundo online não está só ao nível de partilharmos dados financeiros. Está também no que é que me garante que aquilo que eu estou a comprar me vai chegar a casa, mesmo que os dados financeiros não sejam partilhados.
Isso faz com que cada vez mais as pessoas tenham mais confiança na rede PayPal. Os números são muito interessantes a nível de crescimento, porque o português tipicamente compra fora de Portugal e ao comprar de fora de Portugal a desconfiança nas marcas que muitas vezes não conhece é maior. O facto de os nossos clientes verem que aquele site aceita PayPal dá-lhes logo uma paz para poder fazer a compra em segurança sabendo que não estão a partilhar nenhum dado financeiro, e sabendo que o produto vai chegar ou então têm a um click de distância o PayPal para os ajudar a resolver aquela situação.
 
VE - Em Portugal o e-commerce tem uma grande componente de compras ao exterior, com cerca de 85% de importação. Pode aumentar a vertente de exportação?
MF - Temos essencialmente duas vertentes: os portugueses que compram fora de Portugal, e essa é uma grande percentagem, já que a maioria das compras são fora do país. Depois,  temos o outro lado das lojas, não estamos a falar das grandes marcas, estamos a falar da maior parte dos lojistas em Portugal, que vendem para fora, e grande parte desse negócio vem também de fora. Portugal acaba por ser um país que, ao contrário de Espanha, que tem um mercado bastante mais doméstico, Portugal é um país de e-commerce mais cross border, ou seja, compramos fora mas também vendemos muito para fora.
 
VE - Importamos mais que o que exportamos neste momento?
MF - Sim, e o PayPal também ajuda a que o consumidor ganhe aquela confiança que não tem muitas vezes nas lojas lá fora.
Depois temos o problema de escala. As lojas internacionais acabam muitas vezes por ter melhores preços porque vendem para uma escala bastante maior.
Muitas vezes é difícil as marcas portuguesas online terem essa escala e assumirem preços tão competitivos como as marcas no estrangeiro. De qualquer forma, há sempre uma oportunidade para as marcas portuguesas abrirem  portas também para essa escala.
 
VE - O e-commerce e o serviço associado que a PayPal presta têm um grande potencial de crescimento não só nos grandes operadores mas também para os pequenos operadores?
MF - Sem dúvida, o PayPal começou e é muito forte ainda para os pequenos operadores. A nossa génese foi permitir que qualquer pessoa possa, num curto espaço de tempo e no meio do nada, abrir um site, ativar uma conta PayPal e começar a receber pagamentos sem qualquer custo acrescido de adesão. O que nos fez crescer também tão depressa foi o facto de eu, como um empresário não nacional – vamos imaginar que faço serviços de tradução para clientes dos Estados Unidos –,  abrindo uma conta PayPal, consigo estar em poucos minutos a receber pagamentos de um cliente dos Estados Unidos. A nossa génese foi facilitar e abolir as barreiras do e-commerce para que qualquer pessoa, independentemente da dimensão, pudesse receber pagamentos de qualquer parte do mundo com toda a segurança sem que tenha de partilhar dados financeiros.
 
VE - Acaba de ser criada a possibilidade de carregamento através do Multibanco. Essa alternativa é importante para o desenvolvimento da PayPal?
MF - Sem dúvida. Um aspeto que nos diferencia de todos os outros sistemas é o facto de não termos limitação em vários frentes. Não temos limitação ao nível de dispositivos, nem queremos ter. Não obrigamos o cliente a ter um smartphone para instalar a app em especial para usar este tipo de pagamento. Com Paypal pode usar uma app, pode usar um computador, pode usar um tablet. Somos agnósticos dos dispositivos porque não queremos deixar ninguém de fora. Por outro lado, somos também agnósticos do instrumento financeiro. Não obrigamos o cliente a ter um cartão da marca x para conseguir ativar o serviço onde quer que seja. Permitimos que o cliente consiga adicionar um cartão de crédito ou um cartão de débito, evoluímos para conta bancária, aceitamos cartões pré-pagos, aceitamos cartões MBnet. Mas realmente aquilo que nos diferencia é o facto de, ao sermos uma marca global e temos a capacidade de nos adaptarmos aos meios de pagamentos locais de cada país. Se detectamos que em Portugal os clientes gostam de usar o Multibanco, mas, infelizmente, não o podem usar lá fora, achamos que seria uma ótima ideia que os clientes pudessem carregar a conta PayPal com multibanco, sentindo-se confortáveis com o meio que já utilizam há muitos anos, mas, ao mesmo tempo usando o PayPal, o que acresce segurança para que possam comprar em qualquer parte do mundo.
Aquiles Pinto/Helder Santos agenda@vidaeconomica.pt, 22/03/2019
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