2020 não forçou a mudança. Acelerou-a.;

2020 não forçou a mudança. Acelerou-a.
Mudança. Podia ser esta a palavra a utilizar para sintetizar, de grosso modo, as nossas vidas em 2020. Todos mudamos de alguma forma e, em alguns comportamentos, essas mudanças serão irreversíveis. A atual situação pandémica não é a mãe de todas as mudanças, mas é o combustível que as acelera. E uma das grandes mudanças deste ano incomensurável em acontecimentos passa pelas nossas casas. Pela forma como as vivemos e como as vendemos.
 
Em todos os setores de atividade, a presença digital das marcas faz-se sentir com maior intensidade. Não são raros os casos em que o digital tem representado uma tábua de salvação sólida. Contudo, há áreas de negócio que partem na frente deste movimento de mudança. Vejamos o caso da mediação imobiliária. 
De acordo com a associação americana de agentes imobiliários, que representa mais de um milhão de membros, em 2019, cerca de 50% dos compradores encontraram casa através de plataformas digitais e só 28% recorreu primeiramente a um agente imobiliário. De acordo com a mesma fonte, há outros números interessantes: 76% dos compradores encontraram casa através de um dispositivo móvel e 47% dos agentes desta associação confirmam que as redes sociais são o principal canal que gera “leads”.
A relação entre o ‘offline’ e o ‘online’ continua a existir, sendo que 2020 veio clarificar que a comunicação realizada em plataformas digitais – redes sociais, campanhas de marketing digital, campanhas de remarketing, websites – não é apenas preponderante, é prioritária. Nesta matéria é seguro dizer que 2020 não trouxe a mudança. Acelerou-a.
A fase de seleção condensa-se com preponderância no online e o agente imobiliário assume um papel fundamental em todo o processo. No acompanhamento de todos os passos tomados pelo potencial cliente, na prontidão das respostas, mas sobretudo na derradeira fase decisiva. Na hora de fechar negócio. 
Mas não há bela sem senão. Esta mudança veio, em muitos casos, transformar o espaço público online num território caótico, agressivo até, em alguns casos. A disputa pelo clique e pelos “leads” é, não raras as vezes, desorganizada, direta e hostil. 
Como em muitos outros setores, na venda de imóveis o equilíbrio ganha aderência numa estratégia de marketing de conteúdo. É preciso dar para depois receber. É preciso humanizar os projetos, falar às pessoas, acrescentar valor, trazer soluções para cima da mesa, criar uma ligação emocional com potenciais clientes. Os “leads” hão de chegar. Não aposte as fichas todas na venda direta. Terá a sua oportunidade se abrir um diálogo através de abordagens e de temas que interessam ao seu público alvo.
As pessoas passam cada vez mais tempo ‘online’. É uma verdade blindada e absoluta. E as marcas, que também são feitas por pessoas, convivem neste novo mundo e beneficiam de ferramentas que fornecem ‘insights’ importantes sobre as formas de consumo. Mas é importante saber o que fazer com essa informação e procurar tomar as melhores decisões. É importante perceber se está a ser oportuno ou inconveniente, uma vez que estamos todos ‘online’ por diferentes motivos e em diferentes momentos: muitas vezes para trabalhar, outras para comprar, para vender também, ou simplesmente para descontrair.
Apesar de estarmos mais tempo em casa, a exposição das marcas hoje é muito maior. E há mais riscos que têm de ser assumidos. Os objetivos das marcas continuam a ser os mesmos, mas a sua prossecução depende cada vez mais da otimização de ferramentas e ações de comunicação e marketing que executamos no digital. 
É neste tabuleiro que as peças se movem e quem domina o jogo são as marcas credíveis, com um grande capital humano construído por estratégias que lhes permitem relacionar-se de forma perspicaz e constante com o seu público.
Sérgio Costa Framework Lab CEO, 20/11/2020
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