Recompensa futura é um valor fundamental para as empresas;

Recompensa futura é um valor fundamental para as empresas
Para o presidente do IMD, os cidadãos são cada vez mais exigentes em relação à qualidade e aos custos dos serviços públicos.
“As empresas e os executivos têm de fazer uma utilização inteligente dos dados que lhes são disponibilizados. A execução tem de ser rápida, o que implica agilidade na tomada de decisões” - afirma Jean François Manzoni. Em entrevista à Vida Económica, o presidente do IMD destaca as prioridades das organizações no atual contexto da transformação digital.
Para o Presidente do IMD, é indispensável aplicar nas organizações o princípio da recompensa futura, sendo esse um fator positivo para as empresas familiares. Apesar da globalização, a importância das empresas familiares na economia não deverá diminuir.
Para além das grandes empresas, Jean François Manzoni refere a atenção crescente que o IMD atribui as organizações sem fins lucrativos e a gestão na Administração Publica.

Vida Económica – O contexto das escolas de negócios está em mudança acelerada. Como encara os novos desafios na formação de executivos?
 Jean-François Manzoni –
Não se pode olhar para as organizações que propõem o ensino online como uma ameaça, o mesmo se passando com as novas tecnologias, em termos gerais. Antes representa um desafio. No IMD preferimos olhar para o ensino não numa perspetiva de baixo custo, mas como uma oportunidade. É um facto que existe uma concorrência crescente no que toca à prática de custos reduzidos, mas esse não é o nosso mercado. As atividades promovidas por nós envolvem o ensino presencial e os executivos, por seu lado, e  têm de garantir contactos de longo prazo com a escola. Ora, são também as tecnologias que permitem manter os contactos. Neste momento, cerca de metade dos nossos programas é um misto de ensino online e presencial. Há uma adequação constante à nova realidade.
 
VE – Para além da formação dos gestores, a investigação do IMD envolve cada vez mais a estratégia das organizações?
JFM –
Mais de 80% do que fazemos destina-se a executivos e a empresas. Uma das nossas principais caraterísticas é que os programas para empresas envolvem atividades que vão além do ensino de executivos. Temos programas específicos que ajudam as empresas a alterarem as suas estratégias e a inovarem mais rapidamente. Também temos intervenções para apoiar as entidades empresariais a darem resposta aos desafios que se lhes colocam. No entanto, não estamos dispostos a trabalhar exclusivamente com grandes empresas. É verdade que os programas de executivos estão mais focados para as grandes empresas, mas já temos programas abertos que se aplicam a executivos de pequenas e médias eempresas.

 VE – Porque é que o IMD tem programas específicos para empresas familiares?
JFM –
Damos especial atenção às empresas familiares, até pelo que representam em termos sociais. Não nos esqueçamos que são empresas que têm o nome de família na porta. A liderança assume uma importância crescente neste âmbito. Há a preocupação de passar o negócio para as gerações seguintes. A realidade é que não existe uma quebra no número deste tipo de empresas, o que significa que estão para ficar e desenvolver um papel positivo para a sociedade. A IMD não descura mais este segmento de mercado. A IMD tem um centro de empresas familiares, na medida em que grande parte do emprego e do PIB mundial resulta da atividade destas organizações. Estas estão integradas como nenhumas outras nas sociedades. A verdade é que as pessoas, nas empresas familiares, estão mais dispostas a fazerem sacrifícios, tendo em conta a recompensa futura. Por outro lado, as novas gerações estão mais preocupadas com a sustentabilidade, o que significa que as empresas familiares são uma parte importante da solução para o mundo. A nossa escola atribui, todos os anos, dois prémios às empresas familiares que mais se destacam

VE – E o setor público também é relevante?
JFM –
Estamos a diversificar a nossa atividade, sobretudo porque reconhecemos a importância de outras entidades para a economia global, como são os casos das empresas públicas, sem fins lucrativos ou “startups”. Aliás, importa ter em conta que muitas empresas de pequena dimensão tendem a trabalhar com escolas locais, especialmente por motivos linguísticos. Acontece que o setor público conhece uma realidade diferente, em que também tem de ser competitivo, até porque o seu financiamento não é ilimitado. O mesmo se aplica, por exemplo, às organizações não governamentais. Os cidadãos são cada vez mais exigentes relativamente à qualidade dos serviços públicos, bem como aos preços praticados.
 
Novas ideias e mais reflexão
 
VE – Quais devem ser as prioridades das organizações face à transformação digital que está a atingir todos os setores?
JFM –
Estamos num mundo em rápida mudança. O que faz com que tenhamos de explorar novas ideias e saibamos reagir a essa mesma mudança. As pessoas têm de ser ajudadas a refletir e a inovar. Temos na escola um centro para a transformação digital. Mesmo as tecnologias estão a sofrer alterações muito rapidamente, o que significa os executivos conhecerem muito bem a envolvente. As empresas e os executivos têm de fazer uma utilização inteligente dos dados que lhes são disponibilizados. A execução tem de ser rápida, o que implica agilidade na tomada de decisões.
 
VE – O IMD é classificado nos rankings internacionais como a melhor escola de negócios do mundo fora dos EUA. Que fatores determinam esta avaliação?
JFM –
É um facto que a escola se tem mantido na liderança das melhores escolas de negócios a nível global. Mas o que a nós nos interessa verdadeiramente é o que podemos fazer pelo mundo. O que significa apresentar propostas válidas e eficazes. Temos uma estratégia bem definida e vários tipos de programas. Não menos importante, conhecemos bem o contexto. Além disso, não somos motivados pelo lucro, mas pelo que é melhor para os nossos clientes. Em conclusão, somos uma escola independente e que tem de ser uma referência no mercado. A nossa grande preocupação, em última análise é criar valor para o mundo.
 
VE – Como encara a IMD as empresas familiares?
JFM –
Damos especial atenção às empresas familiares, até pelo que representam em termos sociais. Não nos esqueçamos que são empresas que têm o nome de família na porta. A liderança assume uma importância crescente neste âmbito. Há a preocupação de passar o negócio para as gerações seguintes. A realidade é que não existe uma quebra no número deste tipo de empresas, o que significa que estão para ficar e desenvolver um papel positivo para a sociedade. A IMD não descura mais este segmento de mercado. A IMD tem um centro de empresas familiares, na medida em que grande parte do emprego e do PIB mundial resulta da atividade destas organizações. Estas estão integradas como nenhumas outras nas sociedades. A verdade é que as pessoas, nas empresas familiares, estão mais dispostas a fazerem sacrifícios, tendo em conta a recompensa futura. Por outro lado, as novas gerações estão mais preocupadas com a sustentabilidade. O que significa que as empresas familiares são uma parte importante da solução para o mundo. A nossa escola atribui, todos os anos, dois prémios às empresas familiares que mais se destacam.


Escola prepara 8900 executivos todos os anos

A IMD foi criada em 1990, através da fusão de duas escolas de gestão, a IMI, estabelecida pela Alcan, e a IMEDE, criada pela Nestlé, ambas com origem na Suíça. A sede atual da escola localiza-se em Lausanne. Disponibiliza exclusivamente educação orientada para executivos, não fazendo parte de uma universidade e não existem departamentos académicos.
A escola conta com 50 membros permanentes, de 21 nacionalidades. Abrange um universo de mais de 8900 alunos, todos os anos, com perto de uma centena de nacionalidades. As médias de idades variam entre os 30 e os 40 anos. Os professores não pertencem aos quadros, sendo contratados por um ano, podendo haver depois a sua renovação. Pode ser caraterizada como uma faculdade multidisciplinar integrada. Tem obtido a liderança continuada nos mais importantes rankings mundiais de escolas de gestão.
 

 

Jean-François Manzoni, Presidente do IMD, considera , 20/09/2018
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