Reconversão da economia angolana cria novas oportunidades às empresas portuguesas;

Reconversão da economia angolana cria novas oportunidades às empresas portuguesas
A dependência do petróleo está a forçar Angola a reconverter a economia o que a prazo será positivo para os angolanos e investidores estrangeiros – afirmou Jaime Nogueira Pinto no seminário “Angola e Moçambique: E agora?, que decorreu há dias no Porto”.
“Angola  está também num momento de transição política mas que, tudo indica, se fará sem ruturas” – disse Jaime Nogueira  Pinto. O seminário organizado pela Kyron Consultores com o apoio do jornal Vida Económica reuniu no Porto mais de 50 participantes interessados na atual conjuntura de Angola e Moçambique e nos reflexos  para a atividade das empresas portuguesas.
Para Jaime Nogueira Pinto, Moçambique tem outro tipo de problemas: tem que investir no processo de reconciliação nacional, impedir a fragmentação das forças políticas, aplicar a ordem e a lei e reconquistar a credibilidade das instituições financeiras internacionais. Mas os recursos – humanos e naturais – estão lá. “É preciso um esforço sério de vontade política dos dirigentes do poder e da oposição” - refere.
Segundo afirmou, é preciso  que os investidores portugueses, considerando estes dados, evitem o pânico e pensem com realismo nas decisões. Mas aqui é também muito importante o papel do Estado Português e das instituições que tutelam o financiamento destas áreas. Devem, nestes momentos, atuar no sentido de ajudar ao restabelecimento da confiança e de apoiarem os momentos de maior dificuldade.
“A decisão de investir ou não investir não pode ser determinada – como muitas vezes é – por estados de alma, ora eufóricos, ora assustadiços. Geralmente as situações concretas não se enquadram nesses termos limite. Angola está a passar por um mau momento, como qualquer economia petrodependente” – explicou Jaime Nogueira Pinto.
 “Não  esqueçam que, como diziam os Latinos, Amicus certus in re incerta cernitur, ou, em bom ou mau português - os amigos conhecem-se nas ocasiões. Isso é também importante, como sabem os nossos compatriotas que não chegaram ontem a estas paragens” - acrescentou.

Empresas e colaboradores expatriados enfrentam dificuldades

A importância das relações de Portugal com Angola e Moçambique é evidente para todos os portugueses – pelos laços históricos e afetivos, pelo peso comercial, pela pertença comum a uma Comunidade de países que falam a mesma Língua. Por isso, o momento difícil que os dois países africanos atualmente atravessam não podia deixar de ter sérias repercussões nos muitos expatriados e companhias portuguesas que, num momento também difícil para Portugal, trabalham com Angola e Moçambique ou em Angola e Moçambique.

Sistema financeiro, indústria e agricultura em análise

O seminário organizado pela Kyron Consultores debateu a situação dos dois países e inventariou os problemas com que as empresas portuguesas se defrontam refletindo sobre o futuro da sua presença em terras de Angola e Moçambique.
A parte da manhã foi dedicada a Angola, tendo Jaime Nogueira Pinto analisado o momento político, Agostinho Pereira de Miranda (Miranda & Ass.) a dependência da economia angolana em relação ao petróleo, Fernando Marques Pereira (Caixa Angola) o sistema financeiro e a crise e Francisco Gomes da Silva (Instituto Superior de Agronomia) a reconversão da economia na perspetiva do desenvolvimento da agricultura. Miguel Anacoreta Correia falou ainda dos projetos industriais passados, presentes e futuros.
Jaime Nogueira Pinto abriu depois a tarde com as razões da crise política em Moçambique e as perspetivas negociais para a paz e a reconciliação nacional, condição necessária e suficiente para o progresso do país e do povo. Paulo de Sousa (BCI) analisou o sistema financeiro e os seus problemas, Pedro Serra Campos, (Grupo Entreposto) falou do papel dos investimentos portugueses e Paulo Mendonça (GALP Internacional) analisou as jazidas de gás natural na Bacia do Rovuma e o tempo e o modo da sua exploração.
Entre os empresários da zona Norte do País que participaram no Seminário houve um certo consenso em torno da ideia de que a atual “longa travessia” de grande parte das empresas portuguesas em Angola e Moçambique e os presentes problemas, ainda que graves e complexos, eram conjunturais e que ambos os países tinham grandes potencialidades, havendo para isso de promover a estabilidade política e de segurança, condição essencial para o desenvolvimento dos projetos que conduzirão à desejada diversificação da economia.
A Kyron – uma empresa de consultoria cujo objeto principal é ajudar as empresas portuguesas a entrar ou a continuar a trabalhar nestes mercados, integrando-se na sua sociedade e economia – e a Vida Económica – um grupo de comunicação que sempre tem acompanhado as realidades da África Lusófona – registaram a adesão dos empresários do Norte do País. A iniciativa, destinada a um número restrito de participantes a fim de promover, em ambiente informal, a troca direta de experiências e impressões, esgotou o limite de participações.
Susana Almeida, 28/07/2016
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